Se eu soubesse… Teria sido diferente.

Único

Andando pelas ruas de Kyoto, Japão, Sakura se lembrou de quando morava aqui no arco dos seus vinte anos, agora com vinte e seis ela teve que voltar à essa cidade para pegar as coisas dos seus falecidos avô que ainda estava na velha casa onde ela morou por um tempo. A garota encontrou a casa que ficava em frente a uma árvore de cerejeira. Quando adentrou a casa uma grande nostalgia bateu forte em si. Lembranças de quando morava com seu avô vieram à tona e um sorriso triste se formou em seus lábios. Ainda doía a morte mesmo depois de um ano, ainda doía muito, foi de repente a morte dele e muito dolorida já que a menina era muito apegada a ele.

Após terminar de juntar as coisas dentro de uma caixa já que eram alguns álbuns de família e alguns pertences, ela fechou a casa e saiu pelo portão e foi direto ao correio para mandar essas coisas a sua nova residência que ficava em Nagoya.

Após sair sair do correio ela caminha pelas ruas e então ela acaba passando em frente da antiga livraria onde trabalhou e lembranças tomaram a mente dela, fazendo com que uma certa pessoa entrasse em seus pensamentos.

—  Nem pense nisso, Sakura !! — a garota diz pra si mesma — já fazem cinco anos e você não merece pensar nele. Ele te abandonou.

Ela dizia isso a si mesma, mas quem queria enganar ? Depois de todos esses anos, mesmo com uma família formada, às vezes se pegava pensando nele.

Hatake Kakashi.

Seu antigo amor, no qual ela conheceu e logo se apaixonou mas isso não durou muito já que ele sumiu após eles terem uma noite de amor e nunca mais deu notícias, simplesmente desapareceu e isso a magoou profundamente. 

A moça de cabelos rosados respirou fundo e continuou andando onde acabou chegando na lanchonete onde eles costumavam ir após ela sair do trabalho, várias outras lembranças vieram à sua mente novamente e isso já a estava deixando louca, ela entrou no estabelecimento e logo arrumou uma mesa pra ficar, ficou observando o quanto essa cidade mudou desde aquela época. Olhando na direção da porta via as pessoas entrando e fazendo seus pedidos, algo normal do dia a dia, ela virou seu rosto e pela janela viu as pessoas andando despreocupadamente pelas ruas e isso a fez dar um sorriso nostálgico e ao mesmo tempo triste. Quando seu olhar retornou para a entrada viu uma cabeleira prateada saindo do estabelecimento, parecia Kakashi, era praticamente igual.

Seu coração acelerou. Não podia ser ele, podia ? 

Assustada e ao mesmo tempo curiosa ela se levantou e foi atrás do homem de cabelos grisalhos que já se encontrava do lado de fora da lanchonete, ela continuou o seguindo de longe até a antiga casa que Kakashi morava. Quando deu por si ela já estava segurando o braço do homem.

— Kakashi ? — ela perguntou meio insegura mas quando o homem se virou olhando, ela viu que não era Kakashi — desculpe eu achei que era um amigo meu — ela diz soltando os braços do homem extremamente envergonhada.

Quando ia saindo ela escuta algo que a deixa estática.

— Você conheceu o meu filho ?

— Fi-Filho ? —  ela gaguejou se virando ao homem que a analisava atentamente.

— Sim. Kakashi era meu filho.

Muitas coisas surgiram em sua mente, mas o que ficou foi: “ Era meu filho ?”

— Como assim era seu filho senhor ? —  a garota o questionou com os olhos marejados.

Ele não podia ter morrido, podia ? E o que ela mais temia aconteceu.

— Você não soube que ele morreu ? — o homem diz com uma dor que era transmitida em sua face.

Sakura sentiu sua pressão cair na hora e quase foi direto ao chão se o homem não a tivesse segurado. O homem preocupado guiou a menina para dentro da casa e colocou sentada na cozinha, pegou um copo contendo água e açúcar para a garota tentar se acalmar.

Ele viu que ela ficou em choque após ouvir que seu filho estava morto, pelo estado dela, era alguma pessoa bem próxima à kakashi. Seu filho havia mencionado apenas uma garota pra ele quando estava morando aqui, apenas uma.

Mas poderia ser ela ?

Flor de cerejeira.

Então preocupado ele pegou uma cadeira e se sentou de frente para a menina.

— Você está melhor ? — o homem a questionava.

— Sim, não foi nada de mais — ela dizia enquanto forçava um sorriso.

— Você conheceu meu filho, não conheceu ? — ela não diz nada, só assenti — você é a Sakura ? Cujo nome significa flor de cerejeira ?

— Sim.

— Kakashi falava muito em você — o homem de cabelos grisalhos diz com uma certa nostalgia estampado em seu olhar — no começo achei que ele estava inventando essa história mas depois percebi que era real, ele sempre falava em você quando me ligava.

— Há quanto tempo ele morreu ? — a Haruno perguntou sentindo sua voz embargar.

— Daqui dois meses vai fazer cinco anos — o grisalho diz — ele morreu escrevendo uma carta que continha seu nome, as enfermeiras disseram que ele estava fraco, não sabe como ele conseguiu permanecer vivo durante uma semana após dar entrada no hospital.

— Eu sinto muito — Sakura diz e começa a chorar.

O homem não sabia o que dizer para a jovem que chorava em sua frente, ele apenas a abraçou tentando confortá-la. Ele se lembrou da carta que guardou.

— Eu já volto — o homem sai e Sakura fica sem entender e o espera voltar.

Quando retorna, em sua mão há um envelope da cor creme que tinha seu nome escrito.

— Aqui está a carta — ele entrega o envelope à mulher.

—  Essa é a carta que ele escreveu pra mim ? — o homem assenti.

Ela olha o envelope e respira fundo tentando criar coragem para abrir, com as mãos trêmulas abre e retira a carta de dentro.

Meu caro Botão de Cerejeira.

Lembro do primeiro dia que eu te vi, você estava linda naquele vestido florado, ele combinava tão bem em você, te deixava mais bela do que nunca, ele realçava os seus cabelos rosas. E foi nesse momento que percebi que você faria parte da minha vida de um jeito inimaginável.

Eu tentei, eu realmente tentei não deixar você entrar na minha vida com todas as minhas forças, mas você entrou, derrubou as minhas barreiras com seus sorrisos, seus carinhos, seus gestos amorosos e acabei me apegando a isso, me apegando que eu poderia ser feliz. Quando me vi, eu estava te esperando na porta da livraria onde você trabalhava.

Sabe Sakura, eu me lembro daquele dia em que saímos pela primeira vez, eu achava que você não poderia ficar mais bela porém eu estava enganado, você era a mulher mais linda daquela cidade e ainda deve continuar.

Sem muito mais delongas, por que se eu começar a falar sobre você, como é linda e como é meu amor por você, isso daria um livro e não uma carta.

Bom, eu quero que desculpe por ter sumido após a nossa noite de amor, eu juro que não tive a intenção de te magoar e de te deixar, eu realmente sinto muito. Mas eu não sabia que eu teria uma recaída e ir pro hospital por conta da minha doença. Eu nunca te contei Sakura mas eu estou doente, eu nem sei quanto tempo de vida ainda tenho e mesmo assim me permiti sentir algo bom.

Devo confessar que os seis meses que passei ao seu lado foram os melhores dias da minha vida…

Eu espero que você ache alguém que te ame como um dia eu amei você, que cuide, que não minta, porque eu menti deixei você entrar sem dizer o que se passava na minha vida e tive que te deixar partir, ficarei alguns dias aqui ainda no hospital internado pra ver se eu melhoro, mas acredito que não há escapatória pra mim.

Então eu te peço que viva sua vida.

Eu amo você e sempre te amarei Sakura.

Com amor Kakashi.

Lágrimas descem pelo rosto da mulher após ler a carta. Ela passou os últimos cinco anos o odiando achando que ele tinha deixado ela, mas ele havia morrido.

Como ela se sentia magoada, triste e horrível. Passou cinco anos odiando ele, para depois descobrir que ele havia morrido.

— Ele escreveu achando que iria melhorar — Sakura dizia em meio as suas lágrimas — como contarei isso ao Ren ?

— Quem é Ren ? — o grisalho pergunta desconfiado.

— Meu filho — ela diz fungando — eu nunca contei mas após a nossa noite quando descobri que ele havia “ me deixado” eu o esperei por uma semana e nunca tive notícias dele, então eu fui embora porque estava magoada, um mês depois descobri que estava grávida.

— Você está me dizendo que Kakashi tem um filho ? — o homem diz pasmo com o que a moça revelou.

— Sim, eu tentei falar com ele e dizer que estava grávida, mas nunca consegui, tentei ligar e nunca deu, agora eu sei o porquê — ela diz, limpando as lágrimas do choro recente.

— Como ele é ? — o grisalho diz — o garoto — ele completa a frase.

— Ele é a cópia exata do Kakashi — a Haruno pega o celular  e procura uma foto de seu filho — esse é o Ren — ela diz com o rosto avermelhado pelo choro.

O homem olha o garotinho e vê como Ren parece seu falecido filho Kakashi quando era pequeno, ele observa que do lado do garoto há um homem loiro abraçando o menino.

— O menino sabe quem é o pai dele ?

— Sim e não — a menina diz e o homem a olha confuso — eu sempre deixei claro que meu marido Naruto, esse loiro que está do lado do Ren não era pai dele, sempre digo que o pai dele verdadeiro está viajando.

O homem não diz nada, ele fica em silêncio tentando processar tudo que está acontecendo no momento. Primeiro uma mulher pergunta se ele é seu falecido filho, depois descobre que essa mulher era a antiga paixão de seu filho e que a carta que Kakashi escrevera era pra essa mesma mulher, logo descobre que ele tinha um neto.

Céus !! Ele tinha um neto !! Ele era avô.

Ele estava contente e triste ao mesmo tempo, contente por ser avô e triste porque Kakashi realizou seu sonho de ter uma criança mas ele morreu sem saber. O grisalho se segurava para não chorar na frente da garota de cabelos rosados.

— Desculpe, mas eu nem perguntei seu nome — Sakura diz sem graça quebrando o silêncio estranho que havia se formado.

— Sakumo, Hatake Sakumo — ele diz saindo de seus pensamentos — o seu é Sakura não é ?

— Isso, Haruno Sakura.

— Você não se casou ? — o homem diz se ajeitando na cadeira — pois esse é o seu nome de solteira, não é ?

— Sim, só que eu não quis ter o sobrenome do Naruto nos documentos.

— Eu posso te pedir algo ? — ele diz inseguro e ela assenti em concordância — eu queria conhecer o meu neto, claro se você permitir.

Ela de imediato se assusta com o que o Sakumo pediu, ela não esperava que ele pediria isso, estava surpresa com a atitude dele.

— Cla-Claro — ela gagueja ainda surpresa — pode conhecer ele, Ren ficará feliz de te conhecer.

— Mas e seu marido ? — Sakumo diz ainda inseguro — ele não liga se eu for ver o Ren ?

— Naruto não se importa, ele sempre entendeu tudo. Ele considera o Ren como filho e ele te receberia de braços abertos.

Um alívio percorreu por todo o corpo do grisalho, ele queria ver seu neto mas não queria arrumar confusão com o marido da Haruno.

— Você poderia contar como o garoto é ? — o grisalho diz — quero saber o que meu neto gosta.

Ela abre um sorriso enorme e começa a falar, ela conta tudo, tudo mesmo sobre Ren, desde o nascimento até os dias de hoje e cada palavra que saía da boca da mulher o homem ficava encantado como seu neto era um garoto incrível.

Pena que Kakashi não pode conhecer seu filho, ele ficaria orgulhoso do menino.

[…]

Andando pelas ruas, a garota dos olhos da cor de esmeralda não tinha aquele brilho no olhar de antes, nada tinha cor pra ela, após descobrir o que acontecera com seu antigo amor. Andou até o parque e sentou em um dos bancos, se lembrou das vezes que veio neste lugar e fez piqueniques com Kakashi, um sorriso triste e nostálgico brotou em seus lábios.

Ela ligou para seu marido e contou o ocorrido de hoje e ele entendeu e a confortou. Sakura era grata por ter Naruto, ele era tão bom com ela que às vezes achava que ele merecia coisa melhor.

Vendo as crianças correndo e brincando com seus pais, não pode deixar de imaginar Kakashi correndo e brincando com Ren, o mesmo dando aquele típico sorriso que só ele sabia fazer. Mas logo voltou à realidade, ela sabia que isso só poderia acontecer na sua imaginação. Cansada de se torturar, Sakura saiu do parque e caminhou pelas ruas e acabou encontrando uma floricultura onde comprou as flores prediletas de Kakashi, os lírios. Andou em direção ao velho cemitério da cidade de Kyoto e entrou lá, procurou entre as lápides o nome Hatake Kakashi, demorou mais de meia hora para achar e quando encontrou seus olhos embaçaram por conta das lágrimas que começaram a se formar.

Ela viu o nome dele escrito, então ela se sentou e se permitiu chorar, dizer que não doía era mentira, ela o amava mesmo depois de anos, nunca conseguiu esquecê-lo.

— Desculpe Kakashi, eu não sabia —  a garota dos cabelos róseos fala chorando sentada na frente da lápide — me desculpe.

Ela ficou olhando fixamente para a lápide com os olhos vazios.

— Sabe Kakashi, se eu soubesse…ah se eu soubesse — ela começa a fungar — teria sido diferente, com certeza, eu teria te procurado, eu teria…teria dito eu amo você mais vezes, que você era meu amor, que iríamos ter um filho…

Será que isso não pode ser apenas um maldito pesadelo ? Será que isso não é um delírio meu ? Sakura pensava.

[…]

2 meses depois.


Hoje faria cinco anos que Kakashi havia morrido e Sakura caminhava entre as lápides do cemitério com um pequeno ser ao seu encalço com vários lírios em sua mão, continuaram andando até encontrar um homem grisalho agachado em frente à lápide. Ela chamou o grisalho e quando ele se virou seus olhos fitaram o garotinho que estava atrás dela tentando se esconder envergonhado.

— Senhor Sakumo — a menina disse.

— Sakura — respondeu a garota ainda olhando o menino — esse é o Ren ?

— Sim — Sakura olha o pequeno ser que está se escondendo mais e sorri.

— Ele é a cópia exata de Kakashi — o homem diz pasmo com a tamanha semelhança do menino.

— Você conhece meu pai ? — o garoto pergunta saindo atrás de Sakura.

O homem se agacha ficando do mesmo tamanho de Ren.

— Sim, sou o pai dele, ou seja, seu avô — ele diz e vê o garotinho se espantar.

Será que não era pra dizer quem eu sou ? Sakumo pensava com medo. 

A boca do menino se abre em um “O” chocado pela declaração do senhor à sua frente. Ele o analisa bem devagar.

— Mamãe ? — o pequeno ser puxa a barra da blusa de sua mãe que até então estava calada escutando a conversa dos dois.

— Sim meu amor ? — ela se agacha.

— Esse homem na minha frente ‘tá dizendo que é meu vovô — ele cochicha para sua mãe não tão baixo — é verdade ?

— Sim Ren, ele é seu vovô.

—  Mas onde está meu papai ? Você disse que tínhamos vindo pra ver ele — o menino diz pensativo.

— Seu pai está enterrado aqui pequeno — Sakumo diz apontando a lápide com o nome de Hatake Kakashi.

— O que !? — Ren exclama assustado.

— Filho vem aqui — a Haruno diz.

Então Sakura conta sobre Kakashi, tudo que ela sabia sobre ele, todos os momentos que passaram juntos, claro menos a parte quente. Sakumo escutava em silêncio a mulher falar sobre seu filho e ele via o quanto ela ainda era apaixonada por ele. Cada palavra que a mulher de cabelos rosados falava o pequeno Ren se sentia mais curioso em relação ao seu pai que nunca conheceu.

— Você pode contar mais sobre meu pai ? — o garotinho perguntou enquanto mexia suas mãozinhas em sinal de nervosismo.

— Claro — o grisalho diz sorrindo.

Ele respira fundo, pega nas mãos de Ren e começa a contar cada coisa sobre Kakashi, e o menino escuta atentamente.

[…]

Sakumo andava com o garoto em seus braços no parque da cidade enquanto se lambuzavam de sorvete e Sakura ia atrás observando os dois conversando e rindo. Ela viu que seu filho estava feliz por ter conhecido seu avô.

Sentada debaixo de uma árvore a mulher sentiu uma brisa trazer um aroma que fazia lembrar de um lírio, a Haruno olhou para os cantos procurando se era alguém que estava com a flor ou se tinha algum lírio jogado em algum lugar, mas nada encontrou, continuou sentada até outra brisa vir e trazer novamente o cheiro da flor preferida de Kakashi.

Ela achou estranho sentir justo o cheiro da flor predileta dele.

Será que…não, será que era algum sinal ou era loucura ?

Novamente sentiu o aroma da flor e algo dentro dela dizia que era ele, que só podia ser ele. Fechou os olhos e um sorriso brotou em seus lábios e acreditou que Kakashi estava observando tudo.

— Você está vendo Kakashi ? — ela diz baixinho abrindo seus olhos, fitando Ren que brincava com Sakumo — o nosso filho ? Ele se parece com você. Você teria orgulho dele se estivesse vivo.

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