Por Sakura
Olho para o relógio fixo na parede marcando 18:00 e percebo que mais um dia de trabalho chega ao fim, enquanto termino de organizar alguns documentos no meu consultório no hospital de Konoha.
Retiro meu jaleco e coloco em minha bolsa, pois iria levar para lavar. Sou muito cuidadosa com relação a isso então tenho sempre um jaleco por dia a minha disposição para usar enquanto estou trabalhando.
Antes de ir embora passo no quarto de alguns pacientes que estão sob meu cuidado. Alguns deles são casos muito delicados o qual precisam da minha total atenção para que se recuperem e retornem para suas casas.
Quando vou me aproximando da recepção me despedindo dos funcionários que ali estavam me deparo com Ino chegando para o expediente noturno.
— Olá Ino. — Disse com um sorriso tentando disfarçar a expressão de cansaço.
— Olá Sakura. — Muito trabalho hoje?
— Sempre, claro. — A respondi.
Ocasionalmente, quando Ino não estava tão ocupada com a divisão sensorial ou com a floricultura ela ficava tomando conta dos meus pacientes na minha ausência.
— Mas você sabe que essa é a minha profissão. — É isso que eu amo fazer, então para mim não importa o quanto isso me esgote fisicamente, se no final o resultado for a recuperação dos meus pacientes.
— Isso já é suficiente para eu poder ir para casa com a consciência tranquila, ainda mais sabendo ser você. — Disse já quase derramando as lágrimas.
Olho para a loira e percebo que a mesma também segurava o choro. Dou-lhe um abraço forte.
— Obrigada por tudo. Falo fitando-a nos olhos e desfazendo o abraço.
— Você sabe que para mim, é sempre um prazer ajudar no que for necessário.
Sempre que me recordo de toda a ajuda que recebi das pessoas que me apoiaram para eu poder seguir com o meu maior projeto que era implantar uma Clínica Infantil de Assistência Médica e Mental eu fico muito feliz.
E a Ino foi uma dessas pessoas, foi a que mais me apoiou, no início quando estava planejando esse projeto, as vezes desistia por encontrar algumas falhas, e ela era a primeira a me dar ânimo para seguir. Sempre envolvendo bebidas e baladas. Do jeito que ela gosta é claro. Mas foi o que me fez não desistir e hoje aqui estou.
— Boa sorte! — E se puder fazer um favor para mim. — Fica de olho naquela paciente do quarto 26? — Eu ainda estou preocupada com a recuperação dela, que está sendo mais demorada do que imaginei.
— Hoje eu fui visita-la e ela por incrível que pareça me perguntou de você. — Disse que queria te ver. — Eu não sei o que vocês conversaram, mas pela expressão alegre dela era alguma coisa muito boa.
— Pode deixar rosada. — A loira respondeu com um sorriso alegre. — Ah! Também tenho um recado para te passar. — Quando estava chegando, vi o seu noivo na porta. — Acredito que alguém tá sentindo sua falta e resolveu te levar para casa hoje.
— Obrigada. Respondi já me dirigindo a saída onde encontrei o meu noivo sentado em um banco.
Desde a partida de um certo moreno que eu nem sequer recordo o nome, resolvi mudar a minha vida amorosa. Queria me dar uma nova oportunidade para conhecer o amor. E foi em uma dessas oportunidades que conheci Tsuki Kurayami.
☆
Flashback On
Nos conhecemos quando eu estava na vila da areia, fui com a intenção de apresentar o meu projeto e acabei passando um período mais do que esperava por lá. Visto que a aldeia da areia estava passando por uma pandemia e o Kazekage Gaara me pediu para o ajudar. O mesmo já estava em desespero e não sabia o que fazer.
E foi aí que conheci o meu noivo. Ele é auxiliar no hospital e candidato a diretor, o mesmo é muito competente e tinha conhecimento de muitas coisas, sempre estava a disposição e tinha um desejo enorme em aprender.
Mas não sabia lidar com venenos e nem com o caso que estava afetando a população da areia. Que convenhamos estava surpreendendo até a mim, dado que não foi fácil descobrir as causas do que estava matando a população. Mas com um pouco de esforço e ajuda da equipe do hospital e principalmente de Tsuki consegui combater o vírus.
Kurayami era um homem alto acho que devia ter em média 1,70 de altura. Tinha cabelos ruivos e um pouco longos e com uma franja que cobria o seu rosto. Seus olhos tinham um tom amarelo que chamava atenção das enfermeiras do hospital. Mas ele pouco se importava com todo esse charme que recebia. Sua pele era alva, tinha braços fortes e aparentava ter um abdômen bem definido, por cima do jaleco.
O período que estive em Suna, fiquei hospedada em um dos melhores hotéis fornecido pelo Kazekage, apesar de ficar mais tempo no hospital. Quando tinha um descanso sempre aproveitava para conhecer alguns pontos turísticos com a loira que me acompanhava.
Na noite antes de minha partida de volta para Konoha, a loira apareceu no hotel me convidando para ir em uma balada que estava inaugurando. Enquanto terminava de arrumar algumas coisas Temari ia contando como o lugar era legal e que eu devia ir conhecer.
E também disse como o Gaara reagiu ao saber que teria uma casa de festa em sua aldeia. O mesmo era muito caseiro e com as tarefas de Kazekage que tinha que cumprir não tinha a oportunidade para se “divertir”.
Dei risada com a forma que ela estava descrevendo e a deixei acomodada na sala enquanto me dirigia ao meu quarto para um banho. Depois de toda essa propaganda não poderia deixar de visitar esse lugar.
Após terminar o banho e lavar meus cabelos, sequei e fui ao guarda-roupas escolher algo mais casual para vestir. A festa não era de gala então eu poderia ir de maneira que eu quisesse.
Optei por um short jeans e uma blusa de alça preta soltinha que combinasse com a lingerie. Um salto baixo preto, não sabia quanto tempo ficaria em pé então escolhi algo que não me deixasse cansada tão rápido e me ajudasse caso fosse dançar.
Não sou muito chegada a maquiagem, mas para a ocasião resolvi passar um leve batom vermelho e um rímel. Nada muito extravagante, pois não gosto de chamar atenção. Meus cabelos deixei soltos já que estavam curtos.
Saio do quarto e vou ao encontro de Temari que reclamava a minha demora, dou uma última olhada para ver se não estou esquecendo nada. Pego as chaves, tranco a porta e coloco em minha bolsa e assim partimos para a balada
☆
Chegando ao local percebo que a loira não estava mentindo quando disse que o lugar era bom. Realmente era, tinha um amplo espaço, um barzinho para pedir drinks e um palco onde as vezes aconteceriam shows ao vivo. Hoje como era inauguração decidiram levar um DJ que estava todo animado, levando a galera a loucura com suas músicas.
Temari e eu resolvemos ir inaugurar o barzinho, como pupila da Tsunade não aprendi apenas ninjutsu médico, e a ser forte fisicamente. Nas horas vagas após treinos muito exaustivos ela me levava para beber, para poder me alegrar e esse de certa forma era meu maior vício. E foi justamente devido à bebida que eu tomei certas decisões.
O que as moças bonitas vão querer? — O Barman perguntou.
— Vou querer um coquetel de Kiwi. — Temari respondeu.
— Vou querer Gin e Tônica. — Respondi.
Em poucos minutos o coquetel já havia sido preparado e entregue juntamente com o meu pedido. Quando me dirigia ao caixa para pagar a bebida ouço uma voz familiar.
— Deixa que eu pago para você.
Me virei e encontro Kurayami, o mesmo estava vestido com uma camisa branca de gola “V” que deixava seu peitoral um pouco mais destacado, uma calça jeans rasgada e um tênis. Seus cabelos estavam presos em um coque deixando algumas mechas soltas ao redor.
— O-oi Kurayami. — Respondi com a expressão de surpresa.
— Ah! Por favor, sem formalidades. Pode me chamar de Tsuki, não estamos no hospital.
— Ok. — Tu-tudo bem com você. — Tentei puxar assunto já sentindo minha pele corar e além do mais eu estava gaguejando. Por que eu estava gaga? Como posso sair dessa situação?
Olhei para os lados procurando por Temari e não a encontrei. Sua bebida ainda estava sob o balcão. Acho que ela foi ao banheiro.
— Tudo bem sim.
Me respondeu de volta, oferecendo o lugar para eu me sentar ao seu lado. — Não imaginei frequentar este tipo lugar.
— Na verdade, eu não sou muito de sair, apenas quando estou com minhas amigas, mas se for para sair sozinha eu prefiro ficar em casa. — Respondi tentando esconder a timidez.
— Ah entendo. — E hoje, você está aqui acompanhada de quem?
— Eu vim com a Temari. Ela é irmã do Kazekage.
— Ah sim, me lembro dela. — Antes de você chegar para nos ajudar, ela foi até o hospital nos informar e pude, conhece-la. — Mas eu achei ela muito brava. — Fui cumprimentá-la e ela fechou a cara para mim, depois que depositei um beijo em sua mão.
Dei uma leve risada imaginando a situação. — Realmente é algo de se esperar da Temari. — Afinal ela tem um relacionamento com o Shikamaru em Konoha. — Bom é isso que todo mundo diz ao ver os dois juntos. — Mas quando pergunta os dois negam qualquer envolvimento.
— Entendi. — Agora que sei dessa informação irei tomar mais cuidado. — Mas você tem namorado?
Ele realmente me perguntou direto assim? Achei sua atitude um pouco ousada, mas sua expressão parecia bem séria. A minha pele estava queimando de vergonha pela pergunta um tanto inesperada.
— B-bom, eu já tive um amor de infância. Mas hoje em dia ele não está mais presente na vila. — Faz 6 meses desde que partiu. — Desde então eu não tenho procurado mais ninguém. — Respondo me recordando da última vez que nos vimos.
“Sakura, Arigato.”
Foram as últimas palavras que me disse antes de partir para sua jornada se redenção sem previsão de retorno. Eu lhe mandei várias cartas, mas nenhuma foi respondida. Sempre que chegava alguma informação era Kakashi que recebia diretamente e às vezes ele me informava para eu saber que Sasuke Uchiha estava vivo.
Isso me magoava de certa forma. Por que ele não me respondia? Por que me evitava? As suas palavras foram verdadeiras antes de partir? Pensar nisso o tempo todo me cortava por dentro. Sentia todo o amor que guardei se esvaindo, então decidi me dar uma nova chance de ser feliz.
— Compreendo. — Tsuki responde me despertando das minhas lembranças.
Bebo um grande gole da bebida que estava em minha mão ao me recordar de todas às vezes que não fui correspondida por quem mais amei. Me afogo, mas logo sou socorrida pelo ruivo que tinha uma expressão assustado.
— Ei tá tudo bem com você? — É melhor você tomar uma água só um momento que vou pedir ao Barman.
Instantes depois, o ruivo retornou me oferecendo o copo d’água e bebendo bem devagar, enquanto fitava o chão tentando ignorar os olhares que caíam sobre mim.
— Está melhor agora? — Me disse com uma voz preocupada.
— Sim, estou bem melhor! — O respondi.
— Quer ir lá fora, tomar um ar?
— Sim. — Aceitei pois aquele local já estava me sufocando e como a Temari não havia retornado ainda eu iria apenas descansar um pouco e voltar para procura-la.
Já no lado de fora da balada nos dirigimos até um banco que estava próximo. Eu estava meio zonza devido à bebida me sentei enquanto Tsuki se manteve de pé.
— Se sente melhor agora?
— Sim, agora estou bem melhor.
— Eu não sabia que você era fraca para bebida. — Se soubesse não permitiria que você bebesse.
— E não sou. — A verdade é que estou tão tensa lembrando em tudo que foi feito aqui. — E acabei recordando também de coisas que não queria. — É um misto de sentimentos que vai me consumindo e então acabo descontando tudo na bebida. — Dizia já secando as lágrimas que eu estava a tanto tempo segurando para não cair.
— Compreendo. Olha eu não sei quem é essa pessoa que você foi apaixonada. — Mas se ele não te corresponde da forma como você gosta, então penso que ele não é a pessoa certa para você.
Kurayami me olhava fixamente nos olhos enquanto segurava minha mão. Confesso que aquela atitude me pegou de surpresa.
— Posso?
Pediu permissão para sentar-se ao meu lado e lhe cedi. O ruivo já fez tanto por mim naquela noite que recusar que ele ficasse ali seria errado da minha parte.
Ele ficou bem próximo e permaneceu segurando a minha mão.
— Posso te fazer um pedido?
— Diga.
— Você me daria um beijo?
Meus olhos se arregalaram com aquele pedido. Nunca na minha vida vi alguém ser tão direto assim. Tsuki era uma pessoa sem papas na língua. Não tinha medo do perigo.
A bebida ainda fazia efeito em meu corpo, eu já havia bebido várias vezes e nunca fiquei tão mal.
— Oh! desculpe minha audácia, eu não quero te forçar a nada. — Só pensei que já que irá embora amanhã e com certeza não retorne tão cedo aqui para Suna. — Pensei que poderia ao menos lhe dar um presente, para você não pensar que veio aqui somente a trabalho.
— Na-não é isso. — Eu te acho um homem muito bonito, não nego. — Mas me pergunto se é o certo.
— Tudo bem. — Me desculpe, de fato foi um pedido inconveniente.
Ele já ia se retirando e pude perceber a expressão de tristeza em seu olhar e senti pena, ele só pediu um beijo. O que tem de errado em beijar alguém?
— Tsuki. O chamei.
Se virou para mim então me aproximei dele olhando-o fixamente nos olhos, a noite estava bem iluminada por uma lua crescente e deixava os olhos dele mais destacado que normal. Quando cheguei perto o suficiente, não sei explicar o que aconteceu exatamente. Num instante eu estava enlaçada seus braços.
Podia sentir seus batimentos se misturarem junto aos meus, sua respiração estava ofegante. A sua boca era rosada, carnuda e bem convidativa sendo sincera. Talvez me arrependeria disso, mas queria arriscar.
Selei um beijo em seu lábio de leve. E já estava pronta para me retirar. Mas fui surpreendida quando o mesmo me puxou de volta, apertando o meu corpo com mais força.
O seu beijo passou a ser mais intenso e eu acabei me entregando ali. A cada movimento que nossas línguas faziam enquanto se encontravam eu me apaixonava mais.
— ME SOLTAAAAA!
O beijo foi interrompido quando ouvi uma voz familiar gritando na porta da Boate. Era Temari que estava estressada com algo, a mesma estava sendo expulsa pelos seguranças.
— VOCÊS VÃO ME PAGAR. — EU VOU FAZER COM QUE ESSE LUGAR NÃO FUNCIONE NUNCA MAIS.
Solto-me rapidamente de Kurayami e vou em direção a loira saber o que aconteceu.
— Temari o que aconteceu?
— Ai Sakura, eu estava no banheiro retocando a maquiagem e quando voltei uma mulherzinha mau caráter jogou bebida em mim. — Aí você sabe que eu não sou de levar desaforo para casa né.
— Eu puxei o cabelo dela e a joguei contra a parede e ela ficou se fazendo de coitada. — Começou a aparecer mais gente para ver o showzinho até que chegou esse segurança ignorante e me expulsou.
— Eu mal encostei naquela “bonequinha de porcelana” só estava aquecendo. — Chega não quero ficar lembrando disso, vou falar com o Gaara para fechar essa bodega.
Vendo a situação da loira, percebi que não dava mesmo para permanecer naquele local. Precisava acalma-la para poder descansar, já que no outro dia iria partir novamente para Konoha.
Me virei para o ruivo que estava lá estático e surpreso com toda essa confusão. Afinal quem não estava? Fiz um sinal para ele dizendo estar indo embora. Nem pude me despedir direito. E assim que deixei Temari sob os cuidados de Gaara fui para o hotel dormir.
Flashback Off
☆
— Acabei de chegar, achei que você estava demorando demais e já ia entrando para saber se estava bem.
— Obrigada por se preocupar. — Eu estava apenas conversando com a Ino, repassando algumas informações dos pacientes.
— Você precisa passar em algum lugar antes? — Quer que eu te leve para casa? — Eu preciso partir ainda hoje para a vila da areia, mas estou a sua disposição para o que precisar.
— Está tudo bem. — Eu não preciso de nada. Irei apenas no Ichiraku comprar um Lamén para a janta. Estou tão cansada que não quero fazer nada, só dormir.
— Tá ok então. — Disse depositando um beijo em meu rosto. E assim partiu para Suna.
Ele estava disposto a se tornar diretor chefe do hospital em Suna, mas mesmo assim vinha me visitar quando podia. Como estamos sempre presos ao hospital momentos como esse eram raros então aproveitávamos o máximo.
Exceto por hoje, já que ele tinha que resolver as coisas na vila da areia, não quis tomar seu tempo. Por sorte isso vai mudar quando nos casarmos. Vou me mudar para a vila da areia e irei apoia-lo lá. Continuarei com meu trabalho no hospital de lá e ficarei perto do meu futuro esposo. Existe coisa melhor?
Sei que é um pouco cedo para falar dessa ideia de casamento. Mas eu conheci Tsuki desde a primeira vez que fui tratar os pacientes em Suna. Depois daquele beijo mantivemos contato e namoramos por um ano e agora estamos noivos a seis meses. Ele é uma pessoa bem reservada, a tradição de sua família não permite que ele tenha relações antes do casamento. E esse era o seu maior receio, ele pensou que eu iria rejeita-lo por isso.
Mas a verdade é que não me incomodo, as vezes acho que tomei essa decisão rápido demais, mas aí lembro de tudo que ele fez por mim nesse tempo que a gente se conheceu e chego a conclusão de que por mais que tenha sido rápido. Foi a decisão certa.
Disperso-me de meus pensamentos passo no Ichiraku e vou para meu apartamento, tentar dormir depois de mais um dia de trabalho.
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