Histórias Não Contadas – Capítulo 13: Máscaras de Culpa

"Algumas histórias nunca foram contadas, ao menos até hoje... O cotidiano quase sempre é mais interessante do que as grandes histórias que vão pros livros. Romance, drama, sorrisos e lágrimas escreveram mais histórias do que papel e tinta."
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Sakura encarava Karin na rua movimentada de Konoha, o sol da manhã refletindo nos cabelos vermelhos dela. O olhar de Karin, atrás dos óculos, era uma mistura de medo e resignação, como se ela soubesse que esse momento era inevitável. Sakura respirou fundo, mantendo a voz firme, mas com um toque de emoção que não conseguia esconder.

— Vamos conversar em algum lugar mais reservado — disse, apontando para uma casa de chá próxima, com suas portas de madeira e cortinas suaves balançando ao vento. Karin assentiu, os ombros tensos, e seguiu Sakura em silêncio.

Na casa de chá, elas escolheram um canto isolado, uma mesa escondida por uma divisória de bambu. O aroma de chá verde pairava no ar, misturado ao leve perfume floral do incenso queimando em um canto. A garçonete deixou duas xícaras fumegantes e se retirou, deixando-as sozinhas com o peso da conversa.

Sakura cruzou as mãos sobre a mesa, os olhos fixos em Karin. Sua expressão era fria, mas por dentro, ela lutava contra um turbilhão de emoções – raiva, culpa, curiosidade. — Karin — começou, a voz baixa, mas direta. — Você ama o Sasuke?

Karin piscou, surpresa pela franqueza da pergunta. Ela hesitou, os dedos apertando a xícara, o calor do chá queimando a pele, mas ela não parecia notar. Finalmente, com a voz trêmula, respondeu: — Sim. Eu amo ele. Mas… não é como você pensa.

Sakura ergueu uma sobrancelha, esperando, e Karin continuou, as palavras saindo como se arrancadas.

 — Sasuke nunca demonstrou amor por mim, não de verdade. É… diferente. Não sei explicar exatamente o que é, mas sinto que, de alguma forma, faço bem pra ele. Desde que o conheci com Orochimaru, vi uma dor nos olhos dele. Mesmo com toda a frieza, a distância que ele impunha em todo mundo, eu sabia que no fundo ele era alguém bom. Alguém que carregava um peso enorme.

Karin baixou o olhar, os dedos traçando a borda da xícara. 

— A gente começou… sei lá, um relacionamento, se é que dá pra chamar assim, na época da Taka. Mas no começo, era mais carência do que sentimento. Eu me sentia segura com ele, sabia que o satisfazia, e ele… ele não se importava de me ter por perto. É humilhante, eu sei. Mas não consigo não sentir algo por ele. Ele foi o primeiro homem que me olhou sem me ver só como um objeto, uma arma pra ser usada. Isso me fez aceitar qualquer coisa que ele quisesse.

Sakura ouvia em silêncio, o coração apertado. As palavras de Karin ecoavam sua própria história com Kakashi – um amor que não deveria existir, mas que persistia, mesmo sendo errado. Karin continuou, a voz embargada, lágrimas começando a se formar nos cantos dos olhos.

— Por anos, tentei convencer ele a ficar comigo. Só comigo. Mas ele sempre dizia a mesma coisa: que, apesar do que a gente vivia, ele tem uma família. Você, Sarada. Que ele não podia abandonar tudo. Mas mesmo dizendo isso, ele sempre voltava pra mim em algum momento. — Ela enxugou uma lágrima com o dorso da mão, o rosto corado. — Eu me sinto culpada há anos, Sakura. Mas aprendi a viver com isso. E então… te conheci no hospital. Viramos amigas, de verdade. Quanto mais eu te conhecia, mais entendia o que ele queria dizer. Por que ele não me escolhia. Sasuke te ama. Ama você e a Sarada. A família é a coisa mais importante pra ele.

As lágrimas de Karin caíam agora, pingando na mesa, e Sakura sentiu sua guarda baixar. Havia verdade nas palavras dela, uma dor crua que ela reconhecia. Ela estendeu a mão, segurando a de Karin suavemente, os dedos quentes contra a pele fria da outra mulher. Seus olhos se encontraram, e Sakura ofereceu um olhar de conforto, mesmo que seu coração estivesse em pedaços.

— Eu sei que você tá sofrendo, Karin — disse, a voz suave, mas firme. — E eu… eu não te culpo completamente. Sua história… o que você passou com Orochimaru, com Sasuke… te levou a um lugar onde você achou que precisava disso pra ter valor. Eu entendo. — Ela fez uma pausa, pensando em Kakashi, nos encontros furtivos, na culpa que a corroía. — Talvez você e Sasuke não sejam tão diferentes de mim.

Karin arregalou os olhos, confusa, mas Sakura não elaborou. Em vez disso, continuou: — Eu só precisava ouvir sua versão antes de falar com Sasuke. Não vou fazer nada contra você, Karin. Não sou assim. Mas… — Ela apertou a mão de Karin, o tom agora mais sério. — Pelo menos por enquanto, mantenha distância dele. E não conte pra ninguém sobre isso. Por favor.

Karin assentiu rapidamente, as lágrimas ainda caindo. — Eu prometo, Sakura. E… me desculpa. De verdade.

Sakura soltou a mão dela, recostando-se na cadeira. — Só viva sua vida como se essa conversa não tivesse acontecido. Vou falar com Sasuke hoje, e… — Ela hesitou, os olhos distantes. — Minha família é o mais importante. Sarada é o mais importante. Isso vai ser o ponto de partida pra nossa conversa.

Karin enxugou o rosto, tentando se recompor. Antes de se levantarem, ela olhou para Sakura, a voz baixa, quase um sussurro. — Ele te ama, Sakura. De verdade.

Sakura sorriu, um sorriso triste, carregado de sentimentos conflitantes. — Eu sei — murmurou, antes de se despedirem. Karin seguiu para o hospital, os ombros ainda tensos, enquanto Sakura tomou o caminho de casa.


No caminho, o turbilhão de pensamentos quase sufocava Sakura. A culpa por seu caso com Kakashi, agora intensificada pela confissão de Karin, misturava-se à raiva por Sasuke tê-la traído por tanto tempo. Mas a contradição a consumia – como podia julgá-lo, quando ela mesma vivia uma vida dupla? As palavras de Karin ecoavam em sua mente: “Sasuke te ama. A família é a coisa mais importante pra ele.” E, no fundo, ela sabia que era verdade. Sarada era a âncora de ambos, o motivo pelo qual eles ainda lutavam para manter a família unida.

Sakura decidiu que a conversa com Sasuke precisava focar na família. Eles tinham que se comprometer a viver por Sarada, a deixar as traições para trás – ou pelo menos tentar. Ela não contaria sobre Kakashi, não agora. Revelar seu caso só pioraria as coisas, e ela não estava pronta para enfrentar essa verdade. Mas um dia, talvez, ela encontrasse coragem.

Chegando em casa, Sakura parou na porta, o coração disparado. Ela respirou fundo, tentando reunir forças para entrar e enfrentar Sasuke, quando sentiu o celular vibrar no bolso. Era uma mensagem de Kakashi: “Sei que combinamos espaço enquanto ele está na vila, mas se conseguir pegar um turno extra no hospital, me avise.”

O peito dela apertou, a culpa e o desejo colidindo mais uma vez. Ela abriu a mensagem, os dedos hesitando antes de digitar uma resposta curta: “Não.” Guardou o celular, o peso da decisão a ancorando, e abriu a porta, entrando em casa com a determinação de enfrentar o que viria a seguir.


Epílogo

No Palácio do Hokage, a reunião da Aliança Shinobi começava a ganhar forma. O Raikage A, sentado à mesa de conferências, trocava olhares com Killer B, que rabiscava rimas em um caderno, alheio à tensão política. A aguardava Mei Terumi, sua esposa, cuja chegada estava atrasada, mas a aliança entre o País do Raio e o País da Água dava a ele uma posição forte na mesa.

Gaara, o Kazekage, observava em silêncio, os olhos calmos, mas atentos. Ao seu lado, Temari e Shikamaru trocavam comentários baixos, com Shikamaru resmungando sobre a papelada que o esperava após a reunião. Kurotsuchi, a Tsuchikage, tamborilava os dedos na mesa, sua energia impaciente contrastando com a serenidade de Gaara.

Kakashi, como Hokage, abriu a sessão, sua voz firme ecoando na sala. — A redenção de Itachi Uchiha e Obito Uchiha está na pauta principal. A Aliança tem avançado, mas precisamos de mais evidências para convencer as nações. — Ele fez uma pausa, os olhos percorrendo os Kages. — E precisamos agir rápido.

A tensão na sala era palpável. Fora do palácio, Konoha seguia sua rotina, mas dentro daquelas paredes, segredos e lealdades eram testados e todos ali tinham poder para mudar a vida de muita gente e sabiam disso.

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Mestre_Andur

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