- Histórias Não Contadas – Capítulo 1 – Reunião com o Hokage – KakaSaku
- Histórias Não Contadas – Capítulo 2 – Lingerie Azul Celeste
- Histórias Não Contadas – Capítulo 3 – Um Jantar entre Lembranças
- Histórias Não Contadas – Capítulo 4 – Olhos Vermelhos
- Histórias Não Contadas – Capítulo 5 – Só ele me conhece assim
- Histórias Não Contadas – Capítulo 6 – E quem pensa em mim?!
- Histórias Não Contadas – Capítulo 7 – Sombras do Passado (KakaSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 8 – Entre Sombras e Promessas (KakaSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 9 – Sombras de Lealdade
- Histórias Não Contadas – Capítulo 10 – Laços e Sombras (SasuSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 11 – Sombras do Desejo (KakaSaku-SasuSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 12: Verdades e Culpa
- Histórias Não Contadas – Capítulo 13: Máscaras de Culpa
- Histórias Não Contadas – Capítulo 14: Sombras do Medo
- Histórias Não Contadas – Capítulo 15: Verdades Incompletas
- Histórias Não Contadas – Capítulo 16: Cicatrizes do Passado
- Histórias Não Contadas – Capítulo 17: Palavras que Cortam
- Histórias Não Contadas – Capítulo 18: Verdades Amargas
Sasuke estava na entrada da casa, o celular quente contra a palma da mão, os dedos hesitantes enquanto encarava o número de Karin na tela. O peso da conversa com Sakura ainda o sufocava – o perdão dela, tão frágil, tão condicional, era uma corda ao redor de seu pescoço. Ele precisava terminar tudo com Karin, não apenas por Sakura, mas por Sarada, pelo clã Uchiha, por si mesmo. Com um suspiro pesado, ele discou, cada toque na tela como um passo em direção ao inevitável. Quando Karin atendeu, sua voz veio baixa, quase um sussurro, carregada de uma resignação que cortou o coração dele.
— Sasuke… — murmurou ela, antes de sugerir um encontro fora da vila, em um bosque próximo onde, anos atrás, eles se encontravam em segredo, longe dos olhos de Konoha. — Lá é melhor. Mais… reservado.
Sasuke assentiu, a voz fria, quase mecânica. — Tudo bem. Te encontro em meia hora. — Ele desligou, o silêncio da vila ecoando ao seu redor enquanto saía, o coração apertado.
No bosque, Karin chegou primeiro, os pés afundando levemente na terra úmida, o ar frio do entardecer carregando o cheiro de folhas molhadas e musgo. As árvores altas formavam um dossel que filtrava a luz do sol, lançando sombras dançantes no chão. Ela se sentou em um tronco caído, o casaco vermelho contrastando com o verde escuro ao redor, o perfume floral que sempre usava misturando-se ao aroma natural do bosque. Seus óculos escorregavam ligeiramente no nariz, e ela os ajustou, os dedos trêmulos. Sua mente girava em um turbilhão de cenários – Sasuke gritando, implorando perdão, ou simplesmente virando as costas com aquela frieza que ele dominava tão bem. Cada possibilidade a fazia estremecer, mas no fundo, ela sabia o que estava por vir. A conversa com Sakura na casa de chá havia deixado tudo claro: Sasuke escolheria sua família, e ela, Karin, seria deixada para trás. Ela apertou as mãos, tentando se preparar, mas o peso da perda já a sufocava.
Sasuke emergiu entre as árvores minutos depois, os passos firmes, mas o rosto carregado de uma tensão que traía sua frieza aparente. Ele parou a poucos metros dela, o vento agitando levemente seu cabelo escuro, os olhos intensos, fixos nela. O silêncio entre eles era quase físico, quebrado apenas pelo farfalhar das folhas e pelo canto distante de um pássaro.
— Karin — começou Sasuke, a voz firme, mas com um leve tremor que denunciava sua luta interna. — A gente precisa terminar e você sabe por quê. Sakura… ela descobriu tudo. Ela conversou com você, não foi? — Ele fez uma pausa, engolindo em seco, os punhos cerrados ao lado do corpo. Kain assentiu com a cabeça. — Ela me deu uma condição: acabar com isso, se eu quiser salvar minha família. E eu… eu não posso perder a Sarada. Não posso perder minha filha.
Karin baixou os olhos, os dedos apertando o tecido da saia, as unhas cravando na palma da mão. Ela já esperava aquelas palavras, mas ouvi-las era como sentir uma faca sendo torcida em seu peito.
— Eu sei, Sasuke — murmurou, a voz embargada, quase inaudível. — Sempre soube que esse dia ia chegar. Desde o começo, eu… eu nunca fui mais do que um caso pra você. — Ela levantou o olhar, os olhos brilhando com lágrimas contidas, mas a voz firme, como se tentasse se convencer da própria força. — Sempre fui um alívio, uma fuga da sua vida. E eu aceitei isso. Aceitei ser… só isso. Porque era o que eu sabia fazer. Servir. Estar lá quando você precisava.
As palavras dela cortaram Sasuke como uma lâmina, não por acusação, mas pela verdade crua que carregavam. Ele desviou o olhar, a culpa o consumindo, a imagem de Orochimaru manipulando Karin anos atrás queimando em sua mente.
— Não é justo com você, Karin — disse, a voz mais baixa agora, quase um sussurro. — Eu me culpo por isso. Por te usar, por deixar isso durar tanto tempo. Se não fosse pelo Orochimaru… pela forma como ele te moldou, te fez acreditar que seu valor era só… servir… — Ele parou, a garganta apertada, os olhos voltando para ela. — Talvez nada disso tivesse acontecido. Eu nunca quis te machucar.
Karin deu um sorriso amargo, as lágrimas finalmente escapando, traçando linhas brilhantes em seu rosto. — Você não entende, Sasuke. Eu fui ensinada a ser assim. Desde o Orochimaru, eu aprendi meu lugar. — Ela fez uma pausa, os olhos distantes, como se revisse um passado que nunca a deixara. — Eu era uma ferramenta. Um objeto. E com você… pelo menos, com você, eu sentia que valia alguma coisa. Mesmo que fosse só por um momento.
Flashback: Esconderijo de Orochimaru
Anos atrás, no esconderijo subterrâneo de Orochimaru, o ar era pesado com o cheiro de produtos químicos e mofo, as paredes de pedra fria refletindo a luz fraca das tochas. Karin, ainda jovem, estava ajoelhada no chão, o corpo tremendo sob o olhar penetrante de Orochimaru. Ele se aproximava, os olhos amarelos brilhando com um prazer cruel, a voz sibilante cortando o silêncio como uma serpente. — Karin, minha querida — disse, segurando o queixo dela com dedos frios, forçando-a a encará-lo. — Você é especial. Suas habilidades de cura são um dom, mas você é mais do que isso. Você é uma ferramenta, moldada para servir.
Karin engolia as lágrimas, os óculos tortos escorregando no nariz, mas não resistia. Desde criança, Orochimaru explorava seu chakra regenerativo, forçando-a a curar ninjas feridos, seus corpos marcados por batalhas e experimentos. Mas quando ele descobriu que o sexo amplificava suas habilidades, a vida dela mudou para sempre. Naquela noite, ela estava diante de dois ninjas, homens de rostos duros, os olhos famintos enquanto a encaravam. Orochimaru observava, um sorriso viperino nos lábios, sentado em uma cadeira de pedra como um rei cruel. — Faça seu trabalho, Karin — ordenou, a voz fria, quase entediada. — Fortaleça-os. Mostre-me seu valor.
Ela se ajoelhou, as mãos trêmulas trabalhando nos homens, o som dos gemidos deles enchendo o ar enquanto ela engolia a dor e a humilhação. Cada toque era uma lição cruel: seu valor estava em servir, em ser útil, em apagar a si mesma. Orochimaru a moldara para isso, sussurrando em seu ouvido após cada sessão: — Você é valiosa mas é minha criação, Karin. Nunca se esqueça disso. — E ela não esquecia. Cada noite a deixava mais vazia, mas também mais resignada, como se aquele fosse o único lugar onde poderia existir.
Fim do Flashback
De volta ao bosque, Karin ergueu os olhos para Sasuke, as lágrimas brilhando sob a luz filtrada pelas árvores.
— Eu sempre soube meu lugar, Sasuke — disse, a voz tremendo, mas firme. — Desde o Orochimaru, fui ensinada a servir, a ser útil. E com você… eu aceitei ser só isso. Um caso. Uma sombra na sua vida. — Ela fez uma pausa, o peito subindo e descendo com respirações pesadas. — Sabe o que dói? Não é você escolher a Sakura. É que… eu sempre esperei esse momento. Sabia que a gente nunca teve um relacionamento de verdade. Então como pode terminar algo que nem existiu?
As palavras saíram com um tom de auto-depreciação, mas sem raiva, como se ela estivesse se conformando com uma verdade que sempre carregara.
Sasuke sentiu o peso daquelas palavras, a culpa o consumindo como fogo. Ele deu um passo à frente, os olhos encontrando os dela, a voz rouca de emoção.
— Karin… eu nunca quis que você se sentisse assim. O que a gente viveu… foi real. Talvez não da forma que você merecia, mas foi real pra mim. — Ele hesitou, os punhos cerrados, lutando contra a onda de arrependimento. — Eu gostei de estar com você. Gostei da forma como você me fazia sentir… livre, de alguma forma. Mas não é justo. Não com você, que deu tanto de si mesma. E não com Sakura, que me deu uma família, que tá reconstruindo o clã Uchiha comigo. — Ele baixou a voz, quase um sussurro. — Eu preciso fazer isso acabar. Preciso fazer o que é certo.
Karin assentiu lentamente, o coração apertado, as lágrimas caindo livremente agora. As palavras dele ecoavam, mas outra memória a atingiu, uma que ela nunca compartilhara, uma que a corroía como veneno. Anos atrás, antes mesmo de Sakura engravidar de Sarada, Karin descobrira que estava grávida de Sasuke. O pânico a consumira – medo de perdê-lo, medo de um escândalo, medo de Orochimaru. Ela sabia que ele sempre quisera um Uchiha para seus experimentos, e uma criança seria um alvo fácil, indefesa contra suas ambições. Por isso, em segredo, ela interrompera a gravidez, cada dia desde então carregando o peso daquele segredo. Agora, no bosque, a memória a sufocava, trazendo teorias dolorosas: e se ela tivesse tido aquele filho? Será que Sasuke a teria escolhido? Será que ela teria sido mais do que uma sombra na vida dele?
Sasuke percebeu que ela estava distante, os olhos perdidos em algum lugar além do bosque, o rosto pálido.
— Karin… no que você tá pensando? — perguntou, a voz suavizando, uma preocupação genuína quebrando sua fachada fria. — Fala comigo.
Ela piscou, voltando ao presente, e forçou um sorriso, as lágrimas escorrendo pelo queixo.
— Só… que eu queria que tudo tivesse sido diferente — murmurou, a voz quebrando. — Que eu pudesse ter sido a mulher que você precisa, que merece. Alguém que te desse uma família, que te fizesse feliz de verdade. — Ela fez uma pausa, os olhos encontrando os dele por um momento, antes de desviar. — Mas eu sei meu lugar, Sasuke. Sempre soube. Tá tudo bem. — Ela enxugou o rosto, forçando outro sorriso, a voz tremendo. — Eu vou respeitar sua escolha. Vou sumir da sua vida, como você quer.
Sasuke engoliu em seco, a culpa o corroendo. Ele queria dizer mais, explicar que não era tão simples, que ele sentia algo por ela, mesmo que não fosse o mesmo que sentia por Sakura. Mas as palavras de Itachi ecoavam em sua mente: “Priorize sua família e nosso clã.” Ele deu um passo atrás, os olhos fixos nela por um momento, gravando seu rosto – os óculos tortos, os cabelos vermelhos, as lágrimas brilhando.
— Me desculpa, Karin. De verdade. Por tudo. — Ele se virou, os passos pesados enquanto voltava para a vila, cada metro aumentando a distância entre eles, mas não a culpa que carregava.
Karin ficou no bosque, ajoelhada no chão, as lágrimas caindo livremente, pingando na terra úmida. O silêncio do lugar a envolvia, o vento frio roçando sua pele, como se tentasse consolá-la. Ela pegou um lenço do bolso, tentando enxugar o rosto, mas o cheiro forte do perfume no tecido a atingiu como uma onda. Um enjoo súbito subiu por sua garganta, tão intenso que ela se dobrou, as mãos no chão, quase vomitando. O pânico a dominou, o coração disparado, os olhos arregalados. Ela conhecia aquele enjoo – sentira o mesmo anos atrás, quando estava grávida de Sasuke. A possibilidade de estar grávida novamente a paralisou, o peso de um novo segredo misturando-se à dor do término. Ela ficou ali, sozinha, o corpo tremendo, enquanto o bosque parecia fechar-se ao seu redor, como se o mundo inteiro soubesse de sua fraqueza e a engolisse indefesa.
Epílogo
No Palácio do Hokage, a reunião da Aliança Shinobi havia terminado, mas a tensão permanecia no ar, densa como o incenso que queimava na sala. Kakashi estava no corredor, os ombros curvados, o celular ainda na mão, os olhos fixos na última mensagem de Sakura: “Aliviada, de certa forma. E menos culpada por nós. Mas… confusa.” Cada palavra era um golpe, um misto de alívio e medo. Ele sentia que algo estava escapando, que o segredo que compartilhavam estava mais próximo de ser descoberto do que nunca.
Shikamaru apareceu no corredor, a sombra de um cigarro apagado entre os dedos, os olhos estreitados com uma seriedade que raramente mostrava. — Kakashi, a gente precisa conversar — disse, a voz firme, mas com um toque de cansaço. — Você tava com a cabeça em outro lugar a reunião inteira. Não respondeu metade das perguntas do Raikage, e a Kurotsuchi tá começando a desconfiar que tem algo errado. O que tá acontecendo?
Kakashi hesitou, ajustando a máscara por reflexo, os olhos desviando para o chão. — Só… uma noite longa. Fiquei acordado lendo, sabe como é. — Ele tentou sorrir, mas a mentira soava fraca, quase patética.
Shikamaru suspirou, cruzando os braços, claramente não convencido. — Sério, Kakashi? Você acha que eu vou engolir essa? — Ele deu um passo à frente, a voz baixa, mas cortante. — Aquela mensagem que você ficou encarando antes… era da Sakura, não era? — Kakashi abriu a boca para negar, mas parou, o silêncio traindo-o. Shikamaru continuou, o tom agora mais suave, mas carregado de preocupação. — Olha, eu não quero me meter na sua vida pessoal. Não é da minha conta o que você faz fora daqui. Mas quando isso começa a atrapalhar você como Hokage, vira um problema pra todos nós. — Ele fez uma pausa, os olhos fixos nos de Kakashi. — Konoha já tem uma história cheia de mentiras e segredos. E você sabe tão bem quanto eu que nada fica escondido pra sempre.
Kakashi abaixou os ombros, o peso das palavras de Shikamaru somando-se à sua inquietação. Ele sentia o cerco se fechando, a culpa por Sakura, por Sasuke, por Konoha, pressionando-o. Shikamaru se aproximou, colocando uma mão em seu ombro, o gesto firme, mas quase fraterno. — Eu vou voltar lá e dizer que você não tá se sentindo bem. Vou pedir um recesso nas reuniões. Mas nesse meio tempo, vá pro seu escritório e resolva seja lá o que tá te incomodando. — Ele hesitou, os olhos estreitando novamente. — E, Kakashi… não faça nada estúpido. Ainda mais com o Sasuke na vila. Ele é instável, e você sabe disso.
O comentário foi como um soco, e Kakashi sentiu o coração apertar. Shikamaru sabia – ou pelo menos suspeitava – do caso com Sakura. Ele assentiu, a voz baixa, quase derrotada. — Você é um bom conselheiro, Shikamaru. Melhor do que eu mereço.
Shikamaru deu um meio-sorriso preguiçoso, já se virando para voltar à sala.
— Só faço o que precisa ser feito. — Ele parou na porta, olhando para trás. — E, sério, Kakashi… cuida disso. Antes que alguém mais perceba.
Ele saiu, deixando Kakashi sozinho no corredor, o celular ainda na mão, o peso da verdade – e do segredo – mais pesado do que nunca.
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