- Histórias Não Contadas – Capítulo 1 – Reunião com o Hokage – KakaSaku
- Histórias Não Contadas – Capítulo 2 – Lingerie Azul Celeste
- Histórias Não Contadas – Capítulo 3 – Um Jantar entre Lembranças
- Histórias Não Contadas – Capítulo 4 – Olhos Vermelhos
- Histórias Não Contadas – Capítulo 5 – Só ele me conhece assim
- Histórias Não Contadas – Capítulo 6 – E quem pensa em mim?!
- Histórias Não Contadas – Capítulo 7 – Sombras do Passado (KakaSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 8 – Entre Sombras e Promessas (KakaSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 9 – Sombras de Lealdade
- Histórias Não Contadas – Capítulo 10 – Laços e Sombras (SasuSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 11 – Sombras do Desejo (KakaSaku-SasuSaku)
- Histórias Não Contadas – Capítulo 12: Verdades e Culpa
- Histórias Não Contadas – Capítulo 13: Máscaras de Culpa
- Histórias Não Contadas – Capítulo 14: Sombras do Medo
- Histórias Não Contadas – Capítulo 15: Verdades Incompletas
- Histórias Não Contadas – Capítulo 16: Cicatrizes do Passado
- Histórias Não Contadas – Capítulo 17: Palavras que Cortam
- Histórias Não Contadas – Capítulo 18: Verdades Amargas
- Capítulo 19: Verdades Inevitáveis
- Capítulo 20: Decisões e Um Novo Começo
Sakura saiu do Palácio do Hokage pelos telhados, o vento frio batendo em seu rosto, carregando o peso do beijo de Kakashi e da conversa que a aguardava em casa. O céu de Konoha estava escurecendo, pontuado por estrelas, mas a escuridão crescente parecia refletir o turbilhão em seu peito. Ela decidiu pegar um caminho mais longo, evitando as ruas principais onde Sasuke poderia estar. Saltando de telhado em telhado, seus movimentos eram precisos, mas mecânicos, a mente perdida em memórias.
Ela se lembrou da primeira vez que Sasuke voltou para Konoha, anos atrás, o olhar distante, mas com uma promessa silenciosa de mudança. As noites em que ele estava em casa, raros momentos de paz, Sarada dormindo entre eles, o sorriso dele iluminando a sala. Mas também vieram as lembranças das ausências, meses sem uma carta, missões que o levavam para longe, a solidão que a consumia enquanto criava Sarada sozinha. As lágrimas escorreram, quentes contra a pele fria, enquanto ela saltava, o coração apertado. “Eu tentei, Sasuke. Tentei tanto.”
Minutos depois, ela parou no telhado em frente à sua casa, a luz suave da sala vazando pelas janelas. O peso da conversa iminente a paralisou. Seu corpo gritava para fugir, para evitar a dor, mas ela respirou fundo, os pulmões ardendo, e desceu até a porta. As mãos tremiam ao girar a maçaneta, cada passo um esforço contra o instinto de correr. Ela entrou, o som da porta ecoando na casa silenciosa.
Sasuke estava na sala, sentado no sofá, os cotovelos nos joelhos, o rosto escondido nas mãos. O barulho da porta o fez erguer a cabeça, os olhos escuros encontrando os dela. Por um instante, nenhum dos dois falou. O ar entre eles era pesado, como se um abismo emocional os separasse, um precipício que ambos sentiam, mas não ousavam nomear. A luz fraca do abajur lançava sombras no rosto de Sasuke, destacando as olheiras, a exaustão de um dia que parecia interminável.
Ele se levantou, hesitante, a voz rouca, mas firme.
— Sakura… eu quero ir direto ao ponto. — Ele fez uma pausa, engolindo em seco, os olhos fixos nos dela. — Tudo chegou onde chegou porque a gente não foi sincero. Eu escondi coisas, você escondeu coisas. Não quero mais isso. — Ele respirou fundo, as mãos cerradas ao lado do corpo. — Me sinto um monstro pelo que te fiz passar. O caso com a Karin… eu terminei hoje, porque quero preservar nossa família, a Sarada, o que construímos. Mas… — Ele hesitou, a voz tremendo. — Quando cheguei em casa, te ouvi no telefone. Você disse que nunca fomos compatíveis. Que escolheria outra pessoa. Que com ele, você… se encaixa. — As palavras saíram pesadas, cada uma carregada de dor. — Eu preciso entender, Sakura. Você já me amou algum dia?
Sakura ficou paralisada, as lágrimas escorrendo sem que ela pudesse contê-las. Ela abriu a boca, mas as palavras não vieram. Seus olhos verdes, brilhando com tristeza, encontraram os dele, e ela assentiu lentamente.
— Sim, Sasuke. Eu te amei. — A voz era um sussurro, quebrada. — Muito.
Ele engoliu em seco, o peito apertado.
— E agora? — perguntou, a voz quase inaudível. — Você ainda me ama?
Sakura hesitou, o nó na garganta sufocando-a. Ela desviou o olhar, as lágrimas caindo mais rápido, pingando no chão. Tentou falar, mas o choro a interrompeu. Quando voltou a encará-lo, a tristeza em seus olhos era uma resposta por si só. Sasuke entendeu. Ele levantou a mão, como se quisesse tocar o ar entre eles, mas parou.
— Não precisa responder, Sakura — disse, a voz suave, mas carregada de dor. — Tá na sua cara. A dor que te causei… eu vejo agora. Eu te amo, mesmo que não pareça, eu te amo. E se estar comigo te machuca, então… eu vou embora.
Sakura desabou, o choro tomando conta, os ombros tremendo. Ela cobriu o rosto com as mãos, o peso de anos de solidão, de luta, explodindo. Sasuke se aproximou, hesitante, e a abraçou, os braços fortes envolvendo-a como nos velhos tempos. Ela chorou contra o peito dele, o tecido da camisa absorvendo as lágrimas, enquanto murmurava, quase inaudível:
— Me desculpa, Sasuke…
Ele segurou o choro, levantando a cabeça, os olhos marejados, mas as lágrimas escaparam, escorrendo pelo rosto.
— Eu que peço desculpa — sussurrou, a voz rouca. — Por tudo.
Sakura se afastou um pouco, o rosto ainda pressionado contra ele, a voz abafada, mas clara.
— Me desculpa, Sasuke. Eu não consigo mais. — Ela respirou fundo, o choro diminuindo, mas a dor ainda crua. — Eu não aguento essa dor. Não quero me sentir sozinha. Não quero carregar tudo sozinha. — Ela ergueu o rosto, os olhos vermelhos encontrando os dele, agora também cheios de lágrimas. — Eu quero sentir que alguém quer ficar comigo. Acima de tudo. Que eu sou a prioridade de alguém. Que alguém tá presente.
Sasuke ficou em silêncio, o coração apertado. Ela continuou, a voz tremendo, mas determinada.
— Tudo que a gente viveu foi bom, Sasuke. No começo, pelo menos. Mas eu nunca senti que era importante pra você. Que era sua prioridade. — Ela fez uma pausa, as lágrimas caindo. — Eu entendo suas missões, sua vontade de limpar o nome do Itachi, de reconstruir o clã. Mas você sempre me colocou em segundo plano. Pra tudo. — Ela engoliu em seco, a voz quebrando. — Quando a Sarada nasceu, eu achei que mudaria. Mas até o amor pela nossa filha… parecia maior que o amor por mim. Você vinha pra casa pra ver ela, mandava cartas pra ela, perguntava só dela. Eu… eu não existia, Sasuke. E eu relevava, porque te amava. Mas doía. Doía muito.
Sasuke baixou o olhar, as palavras dela como lâminas. Memórias invadiram sua mente – as noites em que chegava em casa e ia direto para o quarto de Sarada, as cartas que escrevia pensando na filha, as missões que o consumiam. Ele achava que estar presente, mesmo que pouco, era suficiente. Que o amor silencioso que sentia por Sakura bastava. Mas agora, ouvindo-a, via a verdade. Ele nunca a priorizara. Não como ela merecia.
Sakura continuou, a voz mais firme, apesar das lágrimas.
— Quando soube do caso com a Karin… doeu mais ainda. Porque você não só não me dava seu amor, como dava pra outra pessoa. — Ela fez uma pausa, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e tristeza. — Eu achava que você era frio, distante, que era assim com todo mundo. Mas com a Karin… você não era. Desde a infância, eu corri atrás de você, me arrastava, me humilhava, e quando você finalmente me deu uma chance, eu achei que seria pra sempre. No começo, foi. Mas com o tempo, você se afastou. Sua mente tava em outro lugar. Eu me sentia sozinha no nosso casamento, Sasuke. Via o Naruto com a Hinata, o Shikamaru com a Temari, todos felizes, e eu queria isso. Mas você quase nunca tava aqui. E quando tava… parecia que não tava de verdade.
Sasuke ficou sem palavras, o peso da culpa o sufocando. Ele queria negar, queria dizer que a amava, que tudo que fez foi por ela e Sarada, mas as lembranças o traíam. Ele via agora, as noites em que Sakura dormia sozinha, as vezes que ela sorria forçado quando ele partia, o vazio nos olhos dela que ele nunca notara.
Sakura respirou fundo, limpando as lágrimas com as costas da mão.
— Eu também errei, Sasuke. — A frase o tirou dos pensamentos, os olhos voltando para ela, atentos. — Eu… tive outra pessoa. — Ela engoliu em seco, a voz tremendo. — Enquanto você tava fora, eu traí você. Não vou justificar como fraqueza, como solidão. Não. Eu fiz porque precisava me sentir viva. Porque com você, eu não sentia isso. — Ela fez uma pausa, os olhos baixos. — Eu lutei contra isso, sabia que era errado, que era traição. Mas aconteceu. E eu fiz consciente.
Sasuke ficou aturdido, a confissão como um soco. A raiva subiu por um instante, quente no peito, mas ele respirou fundo, a culpa tomando seu lugar. Ele abriu a boca, pronto para falar, mas expirou, as palavras morrendo.
— Eu te perdoo, Sakura — disse, a voz baixa, quase um sussurro. — Tudo isso… é culpa minha. Até seus erros foram por minha causa.
Ela o abraçou novamente, o choro voltando, mais suave agora.
— Eu queria que fosse diferente — murmurou contra o peito dele. — Queria que a gente tivesse dado certo.
Sasuke assentiu, as lágrimas escorrendo silenciosamente.
— Eu também. — Ele fez uma pausa, a voz firme apesar da dor. — Mas a gente sabe que não dá mais.
Sakura concordou com a cabeça, o peso da verdade os envolvendo. Eles ficaram ali, abraçados na sala, o silêncio falando mais que palavras. O relógio na parede marcava o tempo, cada segundo um lembrete do fim de um ciclo.
Após um longo momento, Sasuke quebrou o silêncio.
— Eu quero que você seja feliz, Sakura. — Ele se afastou devagar, os olhos vermelhos, mas determinados. — Eu te amo, mesmo que de um jeito errado. Sempre vou amar. E quero você feliz.
Ela assentiu, as lágrimas ainda caindo, mas um peso parecia sair de seus ombros.
— Eu também quero isso pra você, Sasuke. — Ela fez uma pausa, a voz suave. — A gente tem a Sarada. Um laço eterno. E… eu nunca quis seu mal. Só quero que a gente siga em frente. Nossos caminhos.
Ele sorriu, um sorriso triste, mas genuíno.
— Vamos ser amigos, então. Por tudo que vivemos. Pela Sarada.
Sakura assentiu, o coração mais leve, apesar da dor. Sasuke caminhou até a porta, cada passo pesado, mas necessário. Antes de sair, ele parou, sem olhar para trás.
— Seja feliz, Sakura — disse, a voz firme, mas carregada de emoção.
Do olho direito, uma gota de sangue escorreu, o Sharingan ativado por um instante, refletindo a dor genuína que ele escondia. Ele saltou para os telhados, a capa esvoaçante contra a noite, desaparecendo na escuridão.
Sakura ficou na sala, o silêncio da casa agora um reflexo de sua nova realidade. Pela primeira vez em anos, ela respirou sem o peso do mundo nos ombros. Sentou-se no sofá, as lágrimas caindo, mas com um toque de alívio. A exaustão do dia a derrotou, e ela fechou os olhos, o sono vindo como um encerramento simbólico da vida que ela conhecia e que por anos a consumiu. A noite caiu sobre Konoha, marcando o fim dessa história e nos dando esperança de dias melhores.
Epílogo: Meses Depois
O quintal da casa de Sakura estava repleto de vida, o sol brilhando alto no céu de Konoha. Balões coloridos flutuavam, crianças corriam rindo, e o cheiro de bolo e churrasco preenchia o ar. Era o aniversário de Sarada, agora com oito anos, e a festa era um mar de alegria. Sakura, com um vestido leve cor-de-rosa, sorria enquanto conversava com Ino e Hinata, o rosto iluminado por uma paz que não tinha há anos.
De repente, um grito animado cortou o ar.
— Papai! — Sarada correu, os cabelos escuros esvoaçantes, e se jogou nos braços de Sasuke, que acabara de chegar, um presente embrulhado nas mãos. Ele a ergueu, o sorriso raro iluminando seu rosto enquanto ela o abraçava.
As pessoas ao redor pararam, os olhares indo de Sarada e Sasuke para Sakura, esperando uma reação. Meses haviam passado desde o término, agora público em Konoha. Os boatos corriam, mas Sakura não se importava mais. Ela se aproximou, o sorriso intacto, e Sasuke a olhou, erguendo Sarada no colo.
— Olha, mamãe, ele veio mesmo! — exclamou Sarada, os olhos brilhando.
Sakura riu, tocando o rosto da filha.
— Eu disse, meu amor. Seu pai te ama mais que qualquer coisa. É claro que ele viria pro seu aniversário.
Sasuke sorriu para Sakura, um sorriso sem dor, sem rancor. Sarada beijou a bochecha do pai, feliz, e desceu do colo, correndo pela festa, gritando:
— Meu pai! Meu pai chegou!
Sasuke observou a filha, o coração cheio, e virou-se para Sakura. Seus olhares se encontraram, agora como velhos amigos.
— Você fez uma festa incrível — disse ele, a voz suave. — Parabéns, Sakura. Não se preocupe, não vou demorar.
Ela sorriu, sincera.
— Obrigada, Sasuke. — Ela hesitou, o tom gentil. — Não precisa ir embora. Muitos aqui te julgam, eu sei, mas a única opinião que importa é a da Sarada. E… eu quero que você fique. Faz meses que não nos vemos. Vamos conversar, como amigos.
Sasuke engoliu em seco, um pouco sem graça, mas assentiu.
— Tá bom. — No fundo, ele estava aliviado. Eles sempre foram amigos antes de tudo, e saber que ela ainda o via assim aqueceu seu peito.
Eles se sentaram em uma mesa afastada, Sarada aparecendo de vez em quando, trazendo risadas e histórias. Entre a música da festa e as conversas rápidas, eles falaram sobre a vida. Sakura perguntou sobre Karin e a criança, e Sasuke confirmou que ela estava grávida, um menino, e que receberam o presente que Sakura mandou – roupas para o bebê.
— Obrigado por isso — disse ele, sincero. — Foi… gentil.
Sakura sorriu.
— Era o mínimo. — Ela hesitou, o tom leve. — Você deve ter ouvido os boatos. Eu e o Kakashi…
Sasuke assentiu, sem julgamento.
— Ouvi. Espero que vocês estejam felizes.
Ela agradeceu com um olhar, e perguntou sobre Itachi, sobre as viagens de Sasuke. Ele contou que passou um tempo com Orochimaru, ajudando em pesquisas, e que, após Sakura confirmar a gravidez de Karin por mensagem, decidiu ficar com ela e assumir o filho.
— A gente tá tentando — disse, a voz calma. — Pelo bebê.
Apesar de tudo – a dor, as traições, os erros – eles conversavam com facilidade. As feridas eram cicatrizes agora, marcas que ainda existiam, mas não doíam tanto. O amor por Sarada os unia, e a maturidade de meses separados permitia que fossem amigos novamente.
A festa continuou, o sol se pondo, as luzes dos balões brilhando na noite. Sakura e Sasuke riam de uma história de Sarada, os amigos ao redor, a filha correndo feliz. Era a prova de que, mesmo após a dor, era possível seguir em frente. Que mudanças, por mais difíceis, podiam levar a algo melhor.
E essa foi uma das Histórias Não Contadas de Konoha. Quais mais podem existir? Isso só o tempo pode nos dizer.
- Inspiração para o epilogo:
Agradecimento Final
À todos que acompanharam esta jornada, meu mais sincero agradecimento. Esta história, nascida de uma paixão por Naruto e pelo universo rico de Konoha, levou mais de 2 anos para ser concluída – entre pausas, reedições e momentos de inspiração. Vocês, que leram cada capítulo, que esperaram pacientemente por cada atualização, foram a força para que Sakura, Sasuke, Kakashi, Karin e todos os outros ganhassem vida.
Escrever sobre amor, traição, culpa e redenção foi um desafio, mas também uma honra. Espero que esta história tenha tocado seus corações, feito vocês refletirem, chorarem e, acima de tudo, acreditarem que, mesmo nas sombras, há espaço para um novo começo.
Obrigado por embarcarem nesta aventura comigo. Konoha ainda tem muitas histórias não contadas, e quem sabe o que mais podemos ver no futuro? Até lá, sejam felizes e mais uma vez, obrigado e até logo!
Com carinho,
Mestre Andur
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