- Fatal Fury 2: A Nova Batalha do Lobo Faminto – Capítulo 01 (Novos Desafios no Horizonte)

Nas profundezas da Alemanha, envolto por florestas densas e montanhas silenciosas, o Castelo Stroheim se erguia como um monumento à tradição, poder e orgulho de uma linhagem ancestral. Dentro de seus salões de pedra, onde o frio não era barrado nem pelo fogo, uma música ecoava. Violinos, violoncelos e contrabaixos tocavam com precisão uma peça intensa e sombria. Uma orquestra particular executava os acordes dramáticos de uma sinfonia composta para ecoar a glória do homem sentado em seu trono observando os músicos.
– Maravilhoso. – Disse o homem degustando uma taça de vinho e ouvindo os acordes musicais.
Seu olhar era severo como de um predador atento e em sua testa havia uma cicatriz bem visível. O corpo robusto, coberto por uma armadura pesada com detalhes dourados junto a uma capa vermelha. Ele era Wolfgang Krauser Von Stroheim o senhor daquele castelo e continuava ouvindo aquela música como se fosse uma extensão de sua alma. Enquanto a sinfonia continuava um mordomo adentrou o salão e se aproximou lentamente, parando a uma distância segura do trono.
– Krauser-sama… – Disse o servo, com um leve tremor na voz. – Chegou uma notícia… da América.
Krauser não moveu um músculo. Apenas ergueu o olhar em silêncio, exigindo que ele continuasse.
– Geese Howard… está morto.
Com aquela notícia, Krauser fez um gesto e a música parou. E após ver os músicos deixando o salão, o lorde do castelo olhou para seu criado que continuou sua mensagem.
– Dizem que ele caiu de sua torre após ter sido derrotado por um único homem!
Krauser se levantou com lentidão. Seus passos pesados ecoaram pelo mármore conforme se aproximava da varanda do castelo. Lá fora, a noite era gélida. As nuvens cobriam a lua.
– Geese… – Murmurou Krauser, observando o escuro horizonte. – tolo arrogante. – Achou que poderia manter o trono pela força… sem compreender o espírito da verdadeira luta!
Após ter dito aquilo, Krauser olhou de lado para seu servo.
– E quem foi o homem que o venceu?
O mensageiro respondeu com firmeza:
– Um lutador chamado… Terry Bogard.
Krauser fechou os olhos por um instante. Um nome novo. Desconhecido. Mas que agora carregava o peso de ter eliminado o infame Geese Howard.
– Terry Bogard… – repetiu, como se provasse o gosto do nome. – Então foi você quem manchou o nome de Geese… e apagou a arrogância dele do mapa.
Ele voltou-se para o salão, os olhos brilhando com uma fúria silenciosa enquanto segurava sua taça.
– Então… eu quero conhecê-lo. Quero enfrentar a força que venceu Geese!

Krauser ergueu a taça como se fosse um brinde e naquele momento a orquestra, sem hesitar, recomeçou — mas agora com uma nova música. Mais intensa. Mais violenta. Mais sombria. Uma verdadeira sinfonia da Fúria que era visível nos olhos do Stroheim.
******
Austrália:
Viajando de carona em uma caminhonete, Terry cruzava Stuart Highway a importante rodovia que o levaria ao norte da Austrália. Seu objetivo é Alice Springs, uma cidade importante no centro do país onde ele havia ouvido falar de um local ao ar livre onde ocorriam algumas lutas. Animado com um novo desafio no horizonte, Terry Bogard manteve seu icônico boné cobrindo seus olhos enquanto aguardava o fim da viagem por aquela estrada reta e solitária.
Semanas haviam se passado desde que deixara Southtown. Desde que disse adeus a seu Mestre Tung. Desde que cumpriu a promessa de derrotar Geese Howard.
…
Algumas horas depois daquela viagem, Terry carregava consigo sua mochila de viagem e ajeitando seu boné, ele seguiu até o local que procurava. O sol já estava se pondo lentamente no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados, púrpura e dourado. Aquele local era perto da grande montanha avermelhada, o Ayers Rock (Uluru) que dominava o centro daquela paisagem, como um guardião ancestral do deserto. À frente, junto a alguns veículos, havia um imponente caminhão com a inscrição “BIG BEAR” dominando o cenário. E ao redor dele havia diversas pessoas como uma espécie de plateia improvisada. Animado por uma luta após tanto tempo, Terry tirou informações sobre como funcionava o local e após conseguir, ele se inscreveu para lutar.

Após ter deixado Southtown a algumas semanas, Terry não havia mudado muito. Ele mantinha o seu visual carismático e marcante. Seu corpo continuava atlético e bem definido, com musculatura visível principalmente nos braços e ombros. O Bogard usava uma segunda versão de sua roupa anterior, mas com algumas mudanças. Além de seu boné básico e icônico, ele estava vestido com calça jeans justa de cor azul escura. Uma camiseta branca coberta com uma jaqueta vermelha aberta sem mangas, com gola forrada de pelos brancos. Nas mãos ele usava suas luvas de luta sem dedos de cor preta e nos pés um par de tênis vermelhos com detalhes branco.

Vendo algumas garotas sorrindo, Terry fazia um aceno para elas, mas sua atenção foi tomada ao ouvir o nome de seu oponente pelo narrador daquele evento de lutas ao ar livre. O nome do lutador era Big Bear, mas o Bogard via algo naquele que seria seu oponente.
– Ele me parece familiar…
Enquanto Terry dizia aquilo para si mesmo. O homem chamado Big Bear se aproximava. As pessoas se surpreenderam pois ele era imenso. O corpo dele parecia um verdadeiro colosso: gigante, musculoso e intimidador. Seu rosto tinha traços marcantes: uma barba loura espessa e um corte de cabelo moicano curto que lembrava orelhas de urso. A vestimenta dele era um collant de luta livre azul-petróleo, com desenhos de cor laranja. Nas mãos ele tinha luvas pretas sem dedos com um símbolo de raio amarelo nos punhos. Joelheiras azuis reforçadas, protegendo as articulações e botas marrons largas.

Ouvindo as pessoas torcendo, os dois lutadores estavam se encarando, mas Terry estava surpreso.
– Já faz um tempinho não é, Raiden. – Disse o Bogard – Mudou o visual. O que houve com sua máscara?
– Hah. Pois é! – Raiden, ou melhor Big Bear, estalava os ossos das mãos enquanto encarava seu adversário. – Depois que você me derrotou em Southtown, minha reputação mudou… Mas eu bem que aceitei. A derrota me abriu os olhos. Eu precisava mudar e tirei a minha máscara. Sou um novo homem!
– Que bom para você! Mas com certeza você quer uma revanche!
Ouvindo aquilo de Terry, o australiano sorriu.
– Pode crê!
Raiden assumiu sua postura de luta e Terry, após ajustar seu boné, chamou seu oponente.
– OK! C’mon!!
Começando o primeiro movimento e querendo testar a força de seu oponente, Terry se aproximou e começou a dar alguns golpes no corpo de Raiden que nem se colocou em posição defensiva.
– Só sabe isso?!
Gritou Raiden tentando dar um abraço, mas Terry recuou rapidamente.
– Relaxa. Só tô começando!!
Voltando a atacar, Terry saltou com um chute, mas dessa vez Raiden se defendeu.
– Dê o seu melhor!
Ainda em postura defensiva, o australiano evitou mais um soco de Terry.

– Como quiser. Vamos testar essa sua defesa! – Recuando alguns passos, Terry em seguida avançou. – Burn Knuckle!!
Bloqueando o punho energizado de Terry, Raiden sorriu.
– Minha vez!!
Com rapidez em seu movimento, Raiden conseguiu agarrar o corpo de seu adversário e em seguida ergueu e o lançou no chão com extrema facilidade e força.Colocando as mãos atrás da nuca, Terry protegeu a cabeça mas sentiu as costas colidindo no chão árido.

As pessoas sentiram o leve tremor sobre seus pés após o ataque de Raiden. O australiano sorriu e começou a caminhar enquanto via Terry se levantando e o encarando. O Bogard se mostrou firme e continuou lutando. Após algumas trocas de golpes, Terry contra-atacou com um chute giratório baixo, conseguindo desequilibrar seu oponente. E com aquela pequena brecha, ele colidiu seu punho no chão liberando sua principal técnica.
– Power Wave!!
– Eu acho que não!
Raiden agiu rápido e bloqueou a onda de energia de Terry.

– Hah!! Minha vez agora!!
Mais uma vez, Raiden correu e tentou um golpe, mas Terry escapou rolando pra frente e passando pelo lado de seu oponente. Mas iniciando um contra ataque, o Bogard se lançou para cima ao mesmo tempo que seu oponente se virou em sua direção. As pessoas então viram o australiano sendo atingido pelos chutes de Terry.
– Rising Tackle!!
A multidão gritou com aquela técnica enquanto viam os dois lutadores subindo e em seguida voltando pro chão com Terry caindo de pé enquanto Raiden causou um leve tremor quando seu corpo colidiu no solo. Mas mesmo caído, Raiden levantou, mas Terry foi mais rápido e havia pulado e acertado um chute nele.

– Mais um ataque. Crack Shoot!!
Com mais aquela técnica tendo êxito, Terry derrubou seu oponente que em seguida se levantou e continuou lutando. As pessoas torciam e faziam barulho com as buzinas dos veículos. Raiden logo deu um soco na defesa de seu adversário.
– Te peguei!!
O australiano sorriu e se aproximou de Terry e o abraçou com força.
– Ugh!? Me solta!
– Haha. Nem pensar!!
Com aquela prisão corporal, Raiden começou a esmagar o corpo de Terry em uma sequência de apertos.

– Você já era!!
Raiden continuava com aqueles apertos, e ouvia Terry grunhindo e se esforçando para se libertar.
– Desista, eu não vou te soltar!
– Foi mal aí, Raiden. Mas eu não gosto de ser abraçado por um homem!!
Com um movimento inusitado, Terry jogou a cabeça para trás, o que deixou seu boné cair, e em seguida deu uma forte cabeçada, conseguindo se soltar dos braços de seu oponente.
– Aqui vamos nós!
Pegando e pondo seu boné, Terry se aproximou de Raiden, que estava levemente zonzo, e o segurou pelo collant para em seguida o arremessar no chão com extrema facilidade.

O impacto do corpo do australiano novamente fez um pequeno tremor no local para o entusiasmo do público que assistia aquela luta.
– Ok… agora tá ficando bom!
Terry se mantinha em sua postura de luta enquanto via seu oponente se levantando.
– Beleza. Chega de ser bonzinho!!
Raiden deu uns tapas em seu rosto e em seguida avançou na direção de Terry. A luta prosseguia com fervor, e em seguida o Bogard começa a usar uma estratégia de velocidade em seus movimentos pela arena, deixando Raiden confuso.
– Vamos nessa!!
Com um pulo, Terry encaixou um chute acertando em cheio o rosto de seu oponente. E mesmo após aquele impacto que o atingiu, o australiano não recuou.
– Vou te esmagar!!
Raiden investiu em um ataque com o peso de seu enorme corpo e assim deu um salto com um mergulho na direção de Terry. O Bogard viu aquilo como uma verdadeira chance e deu ao seu oponente, e para a empolgação das pessoas, o seu melhor golpe aéreo dando diversos chutes no corpo de Raiden no ar e girando de cabeça para baixo:
– RISING TACKLE!!
Com os golpes ascendentes acertando em cheio e jogando Raiden para o alto e em seguida para o chão. A multidão podia ver que o australiano estava derrotado e com aquela vitória obtida com uma ótima luta, Terry lançou seu boné pro alto enquanto dava um grito vitorioso.
– OK!!

Após os aplausos da multidão, Terry se aproximou e ajudou Raiden a se levantar.
– Heh… – Mesmo ofegante, Raiden sorria enquanto era ajudado a se levantar – Você continua feroz, Lobo Faminto…
– Você também lutou como um campeão. – após ajudar seu oponente, Terry pegava e colocava seu boné – Obrigado por essa luta!
Alguns minutos, enquanto algumas pessoas se preparavam para deixar o local, Terry se despedia de Raiden, mas o lutador o impediu.
– Terry. Para onde vai?
– Bom, estou pensando nisso ainda!
Raiden tomava um gole de uma garrafa de água.
– Hah… entendo. Eu ouvi falar de um circuito de lutas na Ásia.
Ouvindo o australiano, Terry segurava a corda de sua mochila de viagem.
– Sobre um japonês… Mas o curioso é que ele não luta karatê, nem judô e nem kendo.
– Um japonês, que não luta nada tradicional. Então o que ele pratica?
– Muay Thai. Ele luta e vive na Tailândia… dizem que é um campeão por aquelas bandas!
Com aquelas palavras, Terry não deixou de ficar interessado, pois era como se o destino estivesse colocando desafios em seu caminho. Agradecendo a Raiden mais uma vez, o Bogard pegava sua carona rumo a civilização e em breve partiria da Austrália.
(…)
No dia seguinte, no interior de uma lanchonete rústica na estrada australiana, em meio ao som de garfos batendo nos pratos que se misturavam ao folhear de jornais. Terry aos poucos terminava seu café da manhã.
– Você come como um canguru. Hahaha!
Ouvindo o cozinheiro do outro lado do balcão falando, Terry terminava um prato de panquecas.
– Hum, preciso de forças… – Terry limpava sua boca com um guardanapo – Depois da luta que tive ontem!
Tendo terminado e em seguida pagado por sua refeição com o pouco do dinheiro do prêmio de participação pela luta contra Big Bear, Terry deixou o restaurante do aeroporto rumo à bilheteria.
– “Com o prêmio da luta de ontem, eu consigo até bancar a viagem… e um pouco mais!”
Após a compra de sua passagem, o Bogard embarcou em um voo comercial para a Tailândia. Abordo, ele repousou com o boné cobrindo os olhos, enquanto podia ouvir o avião levantando voo.
– “Muay Thai, hein… Um estilo direto, destrutivo, sem floreios. Se esse cara é o campeão… então ele deve ser bem forte!”
******
Bangkok – Tailândia:
Após a viagem de 10 horas, Terry desembarcou no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, e assim seguiu atravessando o terminal rumo à cidade. Minutos depois, pelas ruas de Bangkok, Terry podia sentir o ar úmido e quente da Tailândia. O cheiro das especiarias no ar, o barulho constante dos tuk-tuks e motos, e o caos encantador da cidade eram um contraste absoluto ao silêncio do deserto australiano.
– Nada como mudar de ares…
Conseguindo algumas informações, o Bogard seguiu até uma academia tradicional de Muay Thai, próxima aos templos antigos e distante dos holofotes. Enquanto podia ver alguns alunos praticando a principal arte marcial da pátria tailandesa, Terry ouviu falar de que mais tarde, em um local perto daquela academia, haveria um campeonato de Muay Thai e que o campeão iria participar para defender o seu título. Mais uma vez, interessado e para poder ver esse campeão em ação, Terry decidiu que iria ver a competição.
…
Mais tarde. A noite caiu sobre Bangkok, mas a cidade não dormia. As luzes de néon piscavam em vermelho e azul nas esquinas, e as ruas pareciam mais vivas do que durante o dia. O som de risos, motos e música tradicional se misturava ao cheiro picante do curry e das frutas exóticas vendidas em barracas próximas.
Em um pequeno estádio fechado, onde era possível ver um ringue montado e cercado por luminárias improvisadas penduradas em cordas. Terry ouvia as vozes ansiosas da multidão nas arquibancadas e nas cadeiras de plástico ao redor da arena. Sentado na arquibancada, o loiro tomava um gole de uma garrafa de cerveja enquanto tinha um olhar atento observando e pensando.
– “O lugar é incrível e dá para ver que todo tá empolgado para essa luta. E eu também estou para ver esse campeão!”
A plateia era formada por jovens lutadores, monges curiosos, idosos apaixonados por Muay Thai e até estrangeiros que haviam trazido cartazes com o nome “Joe”. No centro do ringue, além do juíz, um rosto conhecido era visto ali aguardando o campeão. Um rosto que Terry reconheceu de longe.
– “Então, o Hwa Jai vai enfrentar esse campeão!”
Tomando um gole de uma bebida, Jai continuava esperando, mas em seguida tanto ele quanto todos viram as luzes do local direcionadas a uma entrada, que junto a uma pequena cortina de fumaça, era possível ver a silhueta do campeão. Aquele lutador usava um robe, mas ele rapidamente o retirou e correu até o ringue onde com um único salto fez todos verem se colocando no centro da arena. Junto aos aplausos e gritos da multidão, ele erguia os braços saudando seus fãs.

Sentado na arquibancada, Terry podia ouvir o nome “Joe” sendo dito pelo público do estádio. Nos cantos do ringue, Joe e o Jai se preparavam para lutar colocando suas luvas de combate. E logo os dois se encaravam enquanto a plateia fazia seu barulho de pura empolgação.

– Prontos? – O juiz se colocou no meio dos dois lutadores – Comecem!!
Assim que o árbitro se afastou, Terry e o público viram Jai iniciar a luta avançando na direção de Joe que rapidamente bloqueou um soco do tailândes.

Com um olhar atento, Terry observava os lutadores se enfrentando e mostrando a força do Muay Thai. A multidão vibrou com entusiasmo, pois aquela luta era um espetáculo explosivo, cheio de honra e tradição.
– “Esse Joe, apesar de ser japonês, luta como um verdadeiro um tailandês… com fúria nos golpes…!”
Com a luta progredindo cada vez mais, Jai logo começou a intensificar seus ataques e começou a pressionar seu adversário.

Com mais alguns golpes aplicados, a situação logo se inverteu e Joe avançou e todos podiam ver que ele acertava alguns golpes em seu oponente.
– “Ele vai vencer!”
Com aquele pensamento, Terry se levantou e começou a descer os degraus da arquibancada, mas logo notou no ringue o momento de Joe se esquivando e atacando uma forte joelhada em cheio no rosto do Jai que não demorou para cair.

– “Eu disse!”
Com um sorriso, Terry contemplou o juiz se aproximando de Hwa Jai e após ver que o mesmo estava inconsciente, ele ergueu um braço e em seguida o apontou para Joe.
– O vencedor… e campeão invicto… Joe Higashi!!
– Yosha!!!
Com seu grito de vitória, Joe se colocou sobre a barra do ringue e ergueu o punho enquanto ganhava os aplausos do público.

Com o gongo soando no estádio, Terry caminhava pela rua de volta ao hotel.
– Até amanhã, campeão!
Quanto a Joe, ele era parabenizado por um troféu naquela competição ao lado de duas belas Ring Girls.

(…)
Na manhã seguinte, Terry deixou Bangkok ao amanhecer pegando um ônibus que seguia estrada acima rumo ao norte da Tailândia, cruzando vilarejos, plantações de arroz e florestas densas. Após horas de viagem, o cenário urbano deu lugar a uma paisagem mais serena e espiritual.
Chiang Mai.
Uma cidade onde os sons são mais calmos e os dias parecem desacelerar. Guiado por informações obtidas com praticantes de Muay Thai, Terry seguiu por uma trilha estreita até chegar a um local afastado da cidade: às margens do Rio Ping, onde o som das águas misturava-se ao cântico distante de monges vindos do templo Wat Chet Yot, visível ao fundo como uma sentinela ancestral.

Ali em meio àquele local sereno, Terry logo encontrou Joe treinando. O japonês estava aplicando uma sequência de chutes e joelhadas em uma pedra do tamanho de uma pessoa. Chutes esses que chegavam a rachar o objeto.

Em silêncio, Terry viu Joe destruindo a pedra com extrema facilidade.
– Deixa eu adivinhar. – Joe começou a falar e se virou para ver aquele rapaz que havia chegado – Você quer um autógrafo?
Terry não pôde deixar de dar uma risada com aquela pergunta, mas logo respondeu.
– Na verdade não. Eu vim desafiar o tão falado campeão japonês de Muay Thai!
Ao ouvir aquilo, Joe olhou para o Bogard.
– Olha só. É a primeira vez que alguém vem à Tailândia para me enfrentar! Eu aceito!
Olhando melhor para seu oponente, Terry pôde ver que Joe é um rapaz com um semblante confiante e possuía um sorriso de provocação com um bom físico atlético. Ele tinha cabelos castanhos escuros e espetados, com franja bagunçada, um típico visual rebelde. Ao redor de sua cabeça, Joe estava usando uma faixa na testa, que devido às cores, lembrava a bandeira do Japão. O japonês estava vestido com um shorts vermelho com detalhes dourados na barra e cinto largo e estava sem camisa, exibindo seu peitoral e abdômen definidos. Tinha faixas brancas nos punhos e nos tornozelos.

– Pronto?
– Sempre!
Os dois se colocaram em suas posturas de combate, e após uns segundos se encarando, deram início aquela luta. Terry e Joe começaram a trocar alguns golpes.
– Você é o americano que derrotou o Hwa Jai em Southtown, não é?!
– Sou. Como você sabe?
Os dois naquele momento conversavam tanto com palavras quanto com os punhos.
– Ontem na minha luta contra o Jai, ele me contou que um dia queria derrotar o homem que o venceu. – Joe tentava um chute, mas seu oponente desviava facilmente. – E descreveu você enquanto trocava golpes comigo. Especialmente esse boné vermelho aí!
– Entendo!!
Dando um pulo, Terry conseguiu acertar um chute em Joe. Ele em seguida tentou outro golpe, mas esse foi bloqueado pelo japonês.

Se aproveitando da proximidade, Joe segurou e começou a atacar Terry com algumas joelhadas. Mesmo levando aqueles golpes, o Bogard conseguiu se afastar e mais uma vez tentou atacar o japonês.
– Burn Knuckle!!

Conseguindo bloquear o punho de seu oponente, Joe se afastou e a luta deles continuou com intensidade.
– Você faz jus ao seu título de campeão!
– Obrigado!
Entre elogios, os dois continuaram lutando. Terry continuou atacando Joe, mas o japonês não mostrava fraqueza.
– Tá na hora de você experimentar o meu golpe!
Gritou Joe, que após se defender de um chute, recuou um passo e preparou seu punho direito.
– Hurricane Upper!!
O japonês executou um soco gancho que gerou um efeito similar a um tornado que avançou na direção de Terry que quase foi atingido, mas se defendeu rapidamente.
– Ainda não acabei!! – Joe correu na direção de seu oponente e aplicou uma joelhada ascendente – Tiger Kick!!

– Nada mal!
Ainda em posição defensiva, Terry bloqueou aquele segundo ataque.Sentindo a adrenalina em seus corpos, os dois continuaram lutando e diante do Rio Ping, o som dos golpes deles ecoavam pelo ambiente. Cada vez que Joe atacava, Terry desviava dos golpes dele.
– Minha vez. Crack Shoot!!
– Hurricane Upper!!
Os dois aplicaram seus golpes simultaneamente, porém eles foram anulados quando o chute do Bogard colidiu contra o punho do Higashi.
– Ainda não me venceu!!
Avançando ferozmente, Joe aplicou e acertou um chute rasteiro desequilibrando Terry.

Mesmo sabendo que ia cair, Terry sorriu e contra atacou com um chute de sua outra perna e atingiu em cheio o japonês. Os dois caíram no chão, mas em seguida se levantaram ao mesmo tempo.
– Bom… Isso foi divertido…!
Ofegante, Terry ficou encarando Joe.
– Hora de acabar com isso!
Com aquelas palavras ditas pelo japonês, ambos correram e saltaram na direção um do outro. Com um forte grito, ambos prepararam seus punhos e em seguida colidiram eles no rosto um do outro em pleno ar. O som do impacto ecoou e os dois logo caíram exaustos e encerrando aquela luta com um verdadeiro empate.

Ofegantes e caídos no chão, eles estavam sorrindo.
– É a primeira vez que eu empato em uma luta… Joe…!
– Hah… – Joe limpou um fio de sangue do canto da boca e riu – Isso é o que eu chamo de combate!
Se levantando primeiro, Terry se aproximou e ergueu sua mão para Joe e assim o ajudou a se levantar.
– Você é mesmo muito forte, Terry!
Com as palavras de Joe, Terry segurou a mão do japonês como um verdadeiro cumprimento entre lutadores.
– Você também é. Se quiser um dia ir a Southtown para me enfrentar, eu estarei esperando!
A luta havia acabado, mas naquele momento uma verdadeira amizade entre dois guerreiros havia começado ali. E enquanto o sol caía lentamente, os sons da floresta e do rio voltaram a dominar o ambiente.
…
Algumas horas depois. Pronto para embarcar de volta para Bangkok, Terry despediu-se de Joe com mais um aperto de mão firme, deixando para trás o templo silencioso às margens do Rio Ping. Enquanto seu transporte o levava de volta à civilização, Terry não queria perder tempo e folheando um guia do seu próximo caminho, à China.
Avaliação
Clique em um coração para avaliar!
Média 5 / 5. Contagem de Votos 1
Sem votos até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.
Uma resposta
Capítulo fantástico do início ao fim. Fatal Fury é 10/10, Mano Wolf. Tamo junto!