Histórias Não Contadas – Capítulo 14: Sombras do Medo

Algumas histórias nunca foram contadas, ao menos até hoje... O cotidiano quase sempre é mais interessante do que as grandes histórias que vão pros livros. Romance, drama, sorrisos e lágrimas escreveram mais histórias do que papel e tinta.
Esta é a parte 14 de 18 da série Histórias Não Contadas



Sasuke ficou parado na cozinha, os olhos fixos na porta por onde Sakura e Sarada haviam saído. O som do clique da fechadura ainda ecoava em sua mente, como um prenúncio de algo definitivo. A casa, antes cheia de risadas e calor, agora parecia um vazio sufocante, as paredes silenciosas amplificando o peso em seu peito. Ele sentia a culpa como uma corrente, puxando-o para baixo, e o medo – um medo primal, quase infantil – de perder tudo o que construíra com Sakura e Sarada.

Ele se levantou, os movimentos lentos, como se carregasse um fardo invisível. Caminhou pela casa, os pés descalços tocando o chão frio, cada canto trazendo uma memória que cortava como uma lâmina. Na sala, o sofá onde ele e Sakura haviam feito amor na noite anterior, os corpos entrelaçados em uma paixão que agora parecia uma mentira. Ele passou a mão pelo encosto, lembrando o gemido dela, o calor de sua pele, e sentiu um nó na garganta. Como pôde traí-la, quando ela sempre esteve lá, mesmo nos seus piores momentos?

No corredor, ele parou diante de um desenho de Sarada pregado na parede – uma versão infantil deles três, sorrindo sob um sol gigante. Sasuke tocou o papel, os dedos trêmulos, e imaginou Sakura tirando Sarada de sua vida, levando-a para longe, deixando-o com nada além de suas escolhas erradas. No fundo, ele sabia que merecia isso. Suas ausências, as missões intermináveis, o caso com Karin – tudo era prova de sua fraqueza, de sua incapacidade de ser o homem que Sakura precisava, o pai que Sarada merecia.

Ele subiu as escadas, entrando no quarto do casal. A cama desfeita ainda guardava o cheiro dela, um leve traço de jasmim misturado ao aroma de lençóis limpos. Ele se sentou na beira, o rosto entre as mãos, e deixou os pensamentos sombrios tomarem conta. E se Sakura o abandonasse? E se ela decidisse que ele não valia mais a pena? A ideia de uma vida sem ela, sem Sarada, era insuportável, um vazio que o fazia estremecer. Ele merecia a punição, mas isso não tornava o medo menos real.

O medo, aos poucos, começou a se transformar em raiva – raiva de si mesmo. Sakura sempre lutara por ele, mesmo quando ele era um renegado, mesmo quando o mundo o via como um monstro. Ela o acolheu, deu-lhe uma filha, uma família, e ainda assim, ele se deixou levar por Karin. Por quê? Por que não conseguia resistir à devoção dela, à facilidade de tê-la sempre disponível, sempre disposta a servi-lo? Ele se odiava por isso, por sua vaidade, por sua fraqueza.


Flashback: Viagem ao País do Ferro

Anos atrás, Sasuke aceitara a oferta de Karin para acompanhá-lo em uma missão ao País do Ferro. Era uma viagem de uma semana, sob o pretexto de investigar rumores sobre atividades de Orochimaru. O ar frio da região cortava a pele, mas Karin parecia imune, sempre ao lado dele, os olhos brilhando com uma devoção que ele havia aprendido a esperar. Ela carregava suprimentos, oferecia curas com seu chakra regenerativo, e à noite, em pousadas modestas, entregava-se a ele sem hesitar.

Em uma dessas noites, após um dia de caminhada exaustiva, eles estavam em um quarto simples, o vento uivando lá fora. Karin, ajoelhada entre as pernas dele, trabalhava com a mesma intensidade de sempre, os lábios quentes envolvendo-o, os gemidos abafados ecoando no silêncio. Sasuke, recostado na cama, observava-a, os cabelos vermelhos caindo sobre os ombros, os óculos tortos, e por um momento, se perdeu em pensamentos. Como seria uma vida só com Karin? Sem as responsabilidades de Konoha, sem o peso que carregava, apenas ele e ela, com sua devoção inabalável?

Mas então, a imagem de Sakura surgiu em sua mente – o sorriso dela, a força em seus olhos, o amor que ela lhe dava sem exigir nada em troca. A culpa o atingiu como uma onda, e ele fechou os olhos, tentando afastar o pensamento. Karin, alheia à sua luta interna, continuou, as mãos e a boca movendo-se com uma precisão que o levou ao limite. Quando ele gozou, foi com um gemido baixo, o nome de Sakura escapando de seus lábios. Karin não percebeu, apenas limpou os lábios e sorriu, como se buscasse aprovação mas os olhos de Sasuke estavam longe.

Fim do Flashback


De volta ao presente, Sasuke estava na sala de novo, sentado no sofá, os olhos fixos na porta. A culpa e o medo haviam se misturado a uma confusão nova – ele amava Karin? Amava Sakura? Ou, pior, amava as duas? Era possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, de formas diferentes? Sakura era sua segurança, sua âncora, a mulher que o sustentava mesmo nos piores momentos. Karin era sua fuga, sua devoção, sempre disponível, sempre disposta a satisfazê-lo. O amor por Karin tinha um lado físico, visceral, que ele não podia negar. Com Sakura, havia paixão, mas também uma vida compartilhada, responsabilidades, Sarada. Karin nunca exigia nada; Sakura, mesmo apaixonada, tinha sua própria vida, sua força, e talvez ele mesmo a tivesse afastado com suas viagens, suas missões.

Ele se levantou, caminhando até a janela, o coração disparado. Não podia mais fugir. Sakura merecia a verdade, mesmo que doesse, mesmo que destruísse tudo. Ele precisava contar tudo – sobre Karin, sobre seus sentimentos, sobre a fraqueza que o levou a trair. Ele, que carregava a responsabilidade de reconstruir o clã Uchiha, havia se deixado consumir por vaidade e desejo. A culpa era insuportável, mas a ideia de continuar mentindo era pior.

Sasuke voltou ao sofá, os ombros tensos, e esperou. O silêncio da casa era um espelho de sua angústia, cada segundo esticando o medo do que viria quando Sakura voltasse.


Epílogo

Karin caminhava pelas ruas de Konoha, os olhos inchados de tanto segurar o choro. A conversa com Sakura ainda ecoava em sua mente, cada palavra cortando como uma faca. Ela prometera manter distância de Sasuke, mas a ideia de perdê-lo – mesmo que ele nunca tivesse sido realmente dela – era uma dor que ela não sabia como suportar. Sempre esteve entre Sasuke e Sakura, uma sombra entre o amor deles, e mesmo assim, encontrava uma felicidade amarga em satisfazê-lo. Ela o amava, mesmo sabendo que ele nunca seria só dela.

Enquanto seguia para o hospital, uma memória a atingiu. Meses atrás, ela e Sasuke estavam em seu pequeno apartamento, o cheiro de saquê pairando no ar. Ele havia bebido mais do que o normal, os olhos escuros suavizados pelo álcool. Eles transaram com uma intensidade quase desesperada, os corpos colidindo no colchão estreito, os gemidos dela misturando-se aos dele. No auge do prazer, ele a segurou pelos ombros, os lábios roçando sua orelha, e murmurou: “Sakura…” O coração de Karin se partiu, mas ela não parou, não protestou. A forma como ele a segurava, como a fazia sentir-se desejada, era suficiente – ou pelo menos, ela se convenceu disso. Ele lhe dava migalhas de amor, mais do que qualquer um em sua vida, e isso, mesmo humilhante, a fazia feliz.

Chegando ao hospital, Karin parou na entrada, o uniforme branco dobrado sobre o braço. Ela pegou o celular, abrindo a única foto que tinha com Sasuke – um momento roubado durante uma missão, eles abraçados, ele com um raro sorriso. As lágrimas que ela segurava finalmente caíram, pingando na tela. — O amor não deveria doer tanto — murmurou, a voz quebrada, antes de guardar o celular e entrar no hospital, tentando enterrar a dor no trabalho.

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Mestre_Andur

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