O Fim e o Começo

Traído pelas treze Casas dos Deuses e condenado à morte, Percy Jackson encontra sua segunda chance nas profundezas do abismo, onde o enigmático Leviatã o renasce com um propósito: restaurar um mundo em guerra. Agora, em um universo fragmentado por ambição e destruição, Percy deve desafiar forças ancestrais, unir os reinos e enfrentar os erros do passado. Em sua jornada de vingança e redenção, ele se tornará a tempestade que poderá trazer equilíbrio ou consumir tudo em caos.
Esta é a parte 1 de 2 da série O Herdeiro da Tempestade



PERCY

MARCAS DA RESSURREIÇÃO

O céu estava carregado de nuvens cinzentas, como se o próprio mundo lamentasse o que estava prestes a acontecer. Ajoelhado ao chão, com os pulsos atados a correntes pesadas de aço escuro, Percy Jackson se vê frente a frente as 13 figuras que o olham com desprezo e ódio.

Seu corpo já em um estado frágil e debilitado se encontra coberto por ferimentos, seus olhos que um dia brilharam com o verde mais lindo que qualquer ser humana teve o prazer de ver, hoje se mostram apagados e sem nenhum resquício de vida.

— Perseu Jackson. — A voz grossa e firme atinge seus ouvidos o fazendo ter uma fraca reação, mas sem erguer sua cabeça. — Por seus crimes contra a casa de seu pai e contra o equilíbrio de nossos reinos, eu o condeno a morte eterna. Alguém teria alguma objeção?

Aquelas palavras ecoam pelo enorme salão, a força delas seria o suficiente para amedrontar e apavorar qualquer um. As mãos das outras entidades sentadas nos tronos ao redor do mais velho, são erguidas afirmando e aceitando o destino que foi dado ao jovem guerreiro.

— Então está decidido. Lide com seu destino e que os juízes lhe deem aquilo que merece.

Ambos os braços são segurados fortemente por homens vestindo armaduras de placas prateadas o erguem o colocando de pé, a força imposta sobre seus membros o obrigam a andar em frente, andar até o enorme portão de mármore branco e olhar nos olhos de todos os cidadãos que iram ver sua vergonha e falha, enquanto faz sua última caminhada.

Ao pisar na rua principal, ele sente os centenas de olhares direcionados para si, as vozes e gritas furiosos ecoam ao seu redor o chamando de tudo aquilo que tem certeza que não é — Traidor, assassino, usurpador. Seus passos vão até a plataforma de madeira perfeitamente montada para decidir seu destino.

— Isso não é justo. Porque eu deveria passar por isso? Eu não fiz nada.

A mente de Percy se perde em suas lamentações e preocupações, quando finalmente nota que já está no lugar que será seu fim da linha. Seus olhos passam rapidamente pelas pessoas na rua, ao ser colocado de joelhos mais uma vez.

Por toda a rua, consegue identificar um dos olhares direcionados para si, mais atrás está parado um jovem de cabelos albinos e olhos frios como a neve, em seus lábios um sorriso de divertimento e prazer está formado. Era ele. O responsável pelo que estava prestes a acontecer com Percy, ele se divertia com sua agonia e sofrimento, adorava cada segundo.

— Por quê?

As nuvens acima de sua cabeça se fecham ainda mais, um funil sombrio e carregado é direcionado para a plataforma, os olhares furiosos e de ódio são a última coisa que veria? Será que ela estaria ali o observando no meio daquela multidão? Será que algum dia alguém já pensou nele como algo além de uma ferramenta igual ela o olhou? Queria poder vê-la apenas mais uma vez.

Seu destino se selou ali, um raio cai dos céus indo em sua direção e o acertando com força e poder. Consumindo seu corpo e sua existência em luz e calor e logo tudo escureceu.

Quando Percy abriu seus olhos novamente não havia luz, apenas uma vastidão negra e silenciosa. Seu corpo flutuava, como se estivesse suspenso em um mar sem fim. A dor de sua morte ainda ardia em sua alma, mas o lugar em que estava parecia engolir toda sua angústia, parecia engolir tudo, até mesmo o tempo não aparentava ter efeito naquela vastidão.

Estava da forma como veio ao mundo, sem suas vestes mortais e nada mais do que seu corpo marcado por guerras e sacrifícios que fez por aqueles que acreditava serem a esperança de seu mundo.

— Você parece estar muito impaciente, meu rapaz. — A voz grave e profunda ecoou ao seu redor, fazendo aquele enorme vazio tremer como se temesse pelo que estava por vir.

Percy buscou ao redor a origem do que acabou de acontecer, gostaria de saber qual ser era capaz de um feito como aquele. Então, ele o viu.

Emergindo das profundezas, uma presença esmagadora se fez presente frente a seus olhos, um corpo que parecia ser composto por sombras líquidas, com os grandes olhos brilhando como a explosão de mil estrelas, refletiam eras de sabedoria e destruição.

— Q-Quem-

— Quem sou eu? Tem certeza que não me reconhece Perseu? Você já me carregou em seu peito, lutou guerras em meu nome.

Logo o reconheceu, como poderia se esquecer da figura que representou por tantos anos, o símbolo sagrado de sua família, o Deus Leviatã, o Governante Supremo de toda água presente no universo, seja ela doce ou salgada, pura ou impura, Leviatã era seu senhor.

— L-Lorde Leviatã?! O-O que o senhor deseja? — Percy olha atentamente para a besta que o encara.

A presença de Leviatã era assustadora, a aura que emana daqueles grandes olhos brancos que parecem encarar fundo sua alma faz com que todos os músculos do corpo de Percy acabem enrijecendo ao encara-lo.

— Perseu Jackson. Devo dizer que sempre fiquei de olho em seus atos durante sua vida, fez grandes coisas em nome da casa de seu pai, mas por conta de um infortúnio do destino você foi traído, sua honra manchada e seu sangue derramado. — O Leviatã se pronuncia começando a girar ao redor do corpo de Percy, se esticando ao seu redor e ficando sobre ele em certo momento. — Não acho que isso tenha sido justo após tudo que fez por eles.

— S-Sim, eu digo o mesmo. Mas, não tive o que fazer, não tinha nada e nem ninguém ao meu lado que fosse lutar por mim, destrui e ataquei muitas das outras casas. — Percy responde olhando o monstro, seu corpo sentia medo genuíno ao olha-lo, mas ao mesmo tempo ele emanava uma calmaria muito familiar para Percy.

— Bom, não dá pra dizer que você está incorreto. Seus atos no mundo dos humanos é reconhecido por todos que já cruzaram espadas com você, um dos guerreiros mais incríveis. — Leviatã comenta se abaixando mais próximo ao rosto dele.

— E-Entendo. Mas, o que pode fazer por mim? — Percy pergunta e logo em seguida se arrepende de seu tom, a sensação de todo aquele vazio estremecendo ao seu redor, o fez recuar sua costumeira petulância. — C-Com todo respeito, é claro. O que o senhor poderia fazer por mim em relação ao que houve? Já está feito, estou morto.

— Sempre o observei, Perseu Jackson, sempre tive interesse em suas capacidades e sei muito bem que enquanto esteve vivo, sempre teve um certo fascínio por mim. — A criatura comenta com um certo tom de orgulho encoberto por sua voz autoritária. — Recentemente, nós as feras protetoras das casas de suas famílias, temos notado que eles entraram em conflito com muito mais frequência. Mesmo que todas as 13 casas tenham o mesmo sangue os conectando, não parecem realmente se importar em matarem um ao outro e tem nos incomodado. Acreditávamos que com eles, poderíamos manter o equilíbrio entre nossos reinos, mas infelizmente para nós, sua espécie adora guerrear e principalmente derramar sangue de seus semelhantes. Por isso, decidimos que estava na hora de intervir de alguma forma.

— Intervir? O que exatamente seria intervir nessa situação?

— 12 das 13 feras escolheram crianças humanas que as representassem, seus guerreiros perfeitos, com exceção de uma e esse um era exatamente a peça que faltava para o equilíbrio fosse criado.

— Apenas um? Quem seria esse?

— Fui eu. Por raiva e total descrença na humanidade, não nomeie o meu guerreiro, aquele que carregaria minha honra no campo de batalha e isso fez com que o colapso se aproximasse mais rapidamente. Só que… Desejo concertar isso agora.

— E como o senhor poderia fazer isso?

— Sua morte foi um dos principais fatores pelo qual as 13 casas se destruíram. Após sua morte, seu pai se enfureceu com a decisão dos irmãos e começou uma guerra própria, as outras casas viram uma chance de derrubar as 3 maiores casas e se envolveram com mais ímpeto na guerra e ambos foram destruídos, deixando apenas o traidor e responsável por sua morte no poder. — Leviatã o explica e logo Percy entende bem o que ele estava falando.

O monstro não está apenas falando de uma possibilidade e sim de algo que já ocorreu. Por mais que não entenda, Percy deve estar naquela vastidão negra a décadas que se passaram como um piscar de olhos.— E como exatamente isso poderia ser resolvido? Já não aconteceu?

— Você não entende completamente o nosso universo rapaz, tudo que eu e as feras vemos já aconteceu, está acontecendo e irá acontecer. Mesmo que ainda possuindo certos limites em relação a mudar a história. Somos seres que o tempo não faz o menor sentido, porque estamos acima do próprio conceito. Por isso, posso lhe dar sua segunda chance.

— Segunda chance?

— Isso mesmo, você deve voltar e refazer seu caminho. Tomar novas decisões e garantir que as casas não se destruam. Deve unir as 13 casas que só vai ser possível por meio dos 13 guerreiros.

— Espera, mas o senhor me disse que não tem o décimo terceiro guerreiro. Se ele não existe, como eu poderia juntar os 13? — Percy pergunta e sente Leviatã se aproximar mais de sua face.

— Ele não existia. Mas, nessa segunda chance, ele existira, não cometerei o mesmo erro dessa vez e você poderá se vingar daquele que trouxe sua morte.

— Isso não será perigoso? Posso tanto melhor como piorar tudo.

— Isso é verdade, não é garantia que ter você como 13 herói ira garantir o melhor futuro possível, o simples fato de mandá-lo já é um risco a toda a linha do tempo, por ser uma de minhas interferências, não vou poder lhe contar com exatidão o que acontecerá, porque a medida que você avança, a história mudara, você vai presenciar um mundo diferente do que viveu uma vez, terá a chance de melhorar o seu futuro, então volte e faça suas escolhas sabiamente, para que um mundo melhor seja possível. — Leviatã murmura e se ergue mais uma vez. — Você aceitará essa missão Perseu Jackson?

Percy olha com respeito e admiração pela criatura, ter a chance de mudar sua vida para algo melhor parecia ser algo impensável, mas se teria a chance de salvar aqueles que ama, só existia uma resposta possível.

— Eu aceito.

— Perfeito. — O Leviatã responde e seus olhos ficam com um brilho cada vez mais intenso.

Seu corpo esguio, semelhante a uma serpente do mar, se enrosca no corpo de Percy, o prendendo com força, para uma forma que parecia ser líquida, sua força era bem sólida. Percy solta um grunhido de dor e vê a criatura o olhando.

O ambiente ao redor começa a tremer novamente, como um grande oceano enfurecido, todo o líquido ao redor parece se direcionar ao corpo de Percy.

— Perseu Jackson, você será aquele que me representara no mundo humano. O Filho de Poseidon, Pretor de Nova Roma e agora Avatar do Grande Leviatã. Eu lhe concedo a chance de mudar seu destino e salvar tudo e todos que conhecem, incluindo nosso plano de existência. Você é meu avatar, meu embaixador entre os humanos, mostre para mim que não estou errado em minha decisão.

Em segundos o corpo da criatura começa a se misturar com o de Percy, a forma obscura entra em sua boca, garantindo uma das dores mais insuportáveis que Percy já sentiu em sua vida, a água que um dia foi sua maior aliada, agora parecia estar tentando destruí-lo.

A voz do Leviatã se faz presente o mais alto possível, ecoando pelo grande vazio, causando tremores e tempestades e recitando versos que nunca sairiam da mente do jovem guerreiro.

Treze coroas em conflito mortal, Tronos erguidos em sangue e metal. Quando a fera no abismo despertar, Um herdeiro perdido irá se levantar.

Espadas ao vento, juramentos desfeitos, Os heróis clamados por antigos eleitos. Sob um único estandarte, caos e razão, Se erguerão juntos para a redenção.

Mas a paz tem um preço a se carregar, Amores perdidos e vidas a ceifar. Somente quem ousar o destino enfrentar, Poderá o equilíbrio eterno selar.

Segundos se passam e Percy abre seus olhos vendo um teto de carvalho negro sobre seus olhos. Sua respiração ofegante e angustiante parece não ter chamado a atenção de ninguém ainda.

Ele tenta se mover, mas sem muito sucesso, parecia que seu corpo era feito de geleia, sem muita força na parte inferior do corpo e pouquíssima na parte superior. Erguendo lentamente sua mão, ele nota os dedos carnudos e gordinhos com pequenos tons de rosa que parecem nunca ter segurado em um cabo de espada antes.

— O que é isso? O que tá acontecendo? — Ele tenta se pronunciar, mas nenhum palavra completa consegue ser proferida, apenas resmungos como “ba ba”.Ele tenta mover seu corpo mais uma vez, girando em sua cama com um colchão estranhamente macio, ficando de quatro e tentando avançar um pouco, o que não teve sucesso algum.

— Não acredito que isso tá acontecendo. Tá falando sério?

Não havia mais dúvidas nenhuma, Percy tinha voltado a ser apenas um pequeno bebê indefesoe sem nenhuma capacidade.

AHHHHHH!! NÃO ACREDITO NISSO! O que diabos aquela serpente gigante tava pensando? Não poderia me retornar até eu estar com uma idade mais avançada? — Percy resmunga batendo as mãozinhas no colchão, o que se torna um choro agudo e estridente, que chama a atenção de alguém que parece se aproximar dele.

Grandes mãos se enroscam ao redor de seu pequeno corpo o erguendo no ar e levando até o ombro, onde ele recosta sua cabeça. Seu choro começa a diminuir ao sentir o doce odor de lírios nos longos cabelos cacheados em um tom castanho.

Percy ergue sua mãozinha passando sobre o corpo da pessoa e sentindo uma mão delicada o acariciando com afeto e carinho.

Essa é… Minha mãe.

Percy se recorda pouco de sua mãe, viver em uma das grandes casas significava que todas as mulheres eram dispensáveis e apenas objetos de reprodução, então muitos filhos não chegavam a conhecer suas mães, Percy foi um desses casos, se lembra vagamente de sua mãe em seus 4 anos de idade e nunca mais pode estar ao lado dela.

— Não se preocupe meu pequeno. A mamãe tá aqui com você. — Sally sussurra para o bebê que se aninha ao corpo de sua mãe.

Isso é bom.

Você também perdeu sua mãe muito cedo, Perseu. A voz do Leviatã ecoa na mente de Percy, que se remexe no colo de Sally que o acaricia mais uma vez.

Obrigado. Percy responde a criatura.

O motivo de lhe retornar até sua idade, não foi exatamente para você reviver momentos com sua mãe. Mas, isso foi um bônus.

Se não me mandou aqui por conta da minha mãe. Por que escolheu especificamente essa idade? Não faria muito mais sentido me retornar para uma versão um pouco mais velha?

Durante os seus primeiros dias da vida, existe um momento que é muito importante para os filhos de todas as casas.

A disputa pelo Estige.

Exatamente, o momento em que os recém nascidos são colocados em um teste de resistência para provarem seu valor desde o início e ganharem um prêmio que irá facilitar suas jornadas ao longo da vida.

Entendo, então você vai intervir na minha vida desde os primeiros segundos dela.

Não diria isso, irei aparecer para você em momentos específicos de sua vida, no momento em que achar que é um momento de lhe dar uma nova ajuda. Fora isso, você pode viver sua vida da forma como quiser.

Obrigado.Ótimo.

Irei colocar em sua mente, a forma como deve passar pelo desafio, aparecerei novamente quando estiver no final dele. Até mais Perseu Jackson.

O Leviatã desaparece da mente de Percy, o deixando aproveitar o momento ao lado de sua mãe, o pouco tempo que ainda tinha. Estar ao lado dela novamente é um sonho se tornando realidade, o que cria em sua mente a duvida se por acaso em sua nova vida poderia garantir que ela não saísse de seu lado.

Não tem certeza, mas estaria disposto a fazer qualquer coisa para garantir que sua vida não acabe como a anterior.

Dias se passaram, após o momento em que Percy acordou novamente em seu corpo de bebê, aproveitou o máximo que pode ao lado de Sally mais uma vez e agora estava prestes a passar pelo primeiro desafio.

Existe uma das áreas neutras em que todas as 13 casas têm acesso, e isso se encontra as Margens do Rio Estige, conhecido formalmente como o Vale do Estige, um local onde anualmente uma grande concentração de magia e todos os recém nascidos de todas as casas têm a chance de ir em direção ao rio e absorverem um pouco dessa magia acumulada.

O objetivo era garantir que desde a infância, todos os possíveis herdeiros se tornassem os melhores guerreiros e logicamente o bebê que chegasse primeiro absorveria uma quantidade muito maior de poder em relação aos outros.

Percy ainda no colo de Sally, observava com atenção para a enorme área onde o desafio acontecia e não poderia estar mais apreensivo e assustado.

O ar no Vale do Estige era denso, como se o próprio mundo tivesse prendido a respiração, a luz do sol não tocava o solo, em vez disso, um brilho estranho e dourado, vindo de relâmpagos silenciosos no céu, pintava tudo com sombras irregulares. O chão era áspero e quebradiço, rachado em padrões irregulares que pareciam cicatrizes na pele da terra. Entre essas rachaduras, pequenos vapores subiam, trazendo consigo um cheiro amargo que queimava as narinas.

Espalhados ao longo do caminho, pedaços de armas quebradas emergiam do solo: lanças sem pontas, escudos despedaçados e espadas corroídas pela ferrugem. Em algumas partes, Percy podia jurar que via o brilho dourado de armaduras antigas, enterradas sob camadas de cinzas e poeira. Pareciam fantasmas de uma guerra que havia terminado, mas nunca fora esquecida.

Como diabos se tornou normal deixar bebês enfrentarem um inferno como esse?

Por mais que o caminho fosse curto, não se parecia nenhum pouco natural colocar seres tão pequenos e indefesos em uma área tão aterrorizante.

O responsável pelo desafio estava explicando para as mães como aquilo funcionaria, e todas ali pareciam desesperadas para que não acontecesse. Infelizmente não tinham poder nenhum sobre aquela loucura, assim que chegaram no Vale, sentiu Sally se agarrando ainda mais forte ao seu corpo.

Mesmo que soubesse perfeitamente o caminho a seguir, Sally não tinha noção de seu conhecimento prévio sobre a ameaça, então era natural ela ficar com tanto medo.

Está pronto? Leviatã surge mais uma vez em sua mente para chamar sua atenção para o que estava prestes a acontecer.

Sim. Sei exatamente qual caminho devo seguir a partir daqui. — Percy confirma para a criatura e logo Sally a está descendo lentamente para o chão.

— Vai ficar tudo bem meu pequeno. — Sally sussurra e Percy sente algumas gotas caindo sobre seu braço, olhando para o alto e vendo as lágrimas cobrindo o rosto de sua mãe.

— Mama… — Conseguiu pronunciar e por poucos segundos conseguiu ver o rosto de sua mãe se iluminar com suas primeiras palavras, ela o abraça apertando fortemente contra seu corpo e fazendo uma reza silenciosa para que o mantivesse em segurança.

Assim que a mulher o solta, Percy se equilibra com seus braços e pernas e começa a engatinhar junto com todas as outras crianças.

Fortifiquei um pouco mais de seu corpo para garantir que tivesse vantagem durante essa jornada. Tome cuidado com os gases tóxicos e as lâminas, ainda são perigosas para o seu estado atual.

Eu sei, tenho noção do que devo fazer. — Percy o responde e logo se move para o lado, antes que um dos gases saindo da terra fosse direto em seu rosto.

Percy engatinha entre as lâminas conseguindo desviar de onde todas se encontram, incluindo as constantes vezes que os gases são liberados pelas frestas.

Em seus ouvidos já consegue ouvir perfeitamente o choro de algumas crianças que devem ter se ferido ou até mesmo intoxicadas.

Devo dizer, a raça de vocês sempre me intrigou. Não conseguiria imaginar um mundo saudável onde colocar seres tão frágeis sob um teste tão desumano poderia ser benéfico para alguém.

As casas ensinam isso. Entre cada uma delas, a força é conquistada por meio de coragem e feitos, se desde a infância você demonstra tais fraquezas, você não tem capacidade para passar pela vida adulta.

Hmm… Entendo. E você não concorda com essas palavras que acabou de dizer, correto? Se me lembro bem, certa vez você até mesmo tentou colocar um fim sobre isso.

Sim, sempre achei essa política ridícula.

Mesmo que fosse contra seus princípios. Você gostava de ver o orgulho nos olhos de seu pai, ao ver que você avançava cada vez mais.

Ele se mantém em silêncio, sem responder a pergunta da grande fera, pensativo em relação às palavras dele. Percy gira para o lado, desviando de outra rachadura formada, enquanto a nuvem de vapor se ergue para o alto.

Em poucos segundos já consegue ver as águas do Rio Estige, e apenas quando se aproxima de suas margens, conseguiu se lembrar como realmente era a magnitude do Estige.

As águas não são como meras correntes, são uma mistura entre o líquido e o etéreo, uma matéria fluida que parece deslizar como fumaça, mas com o peso esmagador do oceano mais profundo. Sua superfície é negra como obsidiana líquida, refletindo fragmentos de luz espectral em tons prateados e azulados que dançam em padrões caóticos, como se cada onda contivesse memórias de batalhas passadas e destinos esquecidos.

O ar ao redor do Estige é pesado, quase sufocante, carregado com uma aura de morte e poder ancestral. Um leve vapor sobe de suas águas, formando silhuetas efêmeras de almas aprisionadas que sussurram promessas e segredos proibidos antes de desaparecerem na névoa.

— Não… — Percy acaba deslizando suas mãos sobre a margem, fazendo com que uma das pedras acaba deslizando em direção as águas.

Assim que entra em contato com a superfície, o som é único: um eco baixo e ressonante, como um grito abafado vindo das profundezas.

Apesar de sua beleza mística, o rio exala um perigo inconfundível, como se sua mera proximidade pudesse corroer a alma de um mortal. Ainda assim, há uma atratividade hipnotizante, como se o Estige chamasse aqueles que ousam desafiar o impossível, prometendo poder, mas que com certeza cobram um preço inevitável.

Estou sentindo que não está seguro de sua missão, Perseu. Mas, devo dizer que se não se jogar no Estige, não será capaz de passar pelas provações que o seguiram daqui em diante.

E-Eu sei… É que… Eu não me lembrava que já havia feito isso antes. Tendo consciência do que estou fazendo, parece ainda mais assustador. — Percy dá alguns passos para trás, sentindo cada músculo seu implorando para fugir.

Bom, se não é capaz de fazer isso, retorne. E veja seu mundo e tudo que ama ser destruído aos poucos.

As palavras do Leviatã acertaram seu coração com força, ganhou a segunda chance de retornar e resolver tudo que houve, poderia mudar o destino de sua mãe, mudar a vida de muitos que o acompanharam e foram destruídos por suas decisões erradas, poderia estar com Ela novamente. Estava vendo tudo aquilo se esvair, enquanto parecia se misturar as águas sombrias do Estige.

Retorne agora, Perseu. Você não pod-

Antes que o Leviatã terminasse de falar, Percy se jogou sobre as águas, com o coração a mil, seu corpo entra em contato com as águas, seus pulmões se enchendo rapidamente, não tinha idade suficiente para sobreviver um afogamento ainda, mas mesmo assim conseguia sentir o Estige fazendo efeito sobre seu corpo.

Respire fundo, Perseu Jackson. Os mares são meu domínio, enquanto estiver neles, você não sofrera nenhuma consequência.

Percy escuta as ordens da fera e deixa a água invadir sua boca, a dificuldade de respirar se torna cada vez mais presente, seus olhos ficam pesados e cansados, os fechando em segundos.

Antes de perder totalmente sua consciência, uma luz surgiu em sua mente, um brilho intenso que poderia cegar qualquer um que o presenciasse, mas não era seu caso. Ele conseguia ver, uma silhueta a sua frente, uma moça de cabelos loiros esvoaçantes, um sorriso divertido e desafiador.

Ele pode olha-la fixamente, sabendo perfeitamente de quem se trata,seu coração parece errar as batidas a medida que a olha maravilhado, o vestindo branco desenha perfeitamente seu corpo, enquanto palavras inaudíveis são pronunciadas.

Ele tenta se aproximar dela, o que parece impossível a cada segundo que passa, ela se distancia mais e mais, tentando toca-la ergue sua mão e antes que possa fazer algo, seus olhos se abrem de sobressalto, vendo o carvalho negro no teto do quarto mais uma vez.

— O quê? O que houve?

Você concluiu seu desafio. Leviatã surge mais uma vez na mente de Percy, que sente como se sua cabeça tivesse batido diversas vezes contra a parede.

E como eu fui? — Percy pergunta curioso, mas a resposta já vem logo em seguida.

Sentiu cada fibra de seu corpo mais forte do que antes, consegue escutar com perfeição o movimento por todo o quarto, além de quase conseguir ver perfeitamente mesmo com a escuridão do quarto que deveria ser um de seus impedimentos.

Você está bem mais forte, dessa vez não foi como a primeira. Além de ter sido o primeiro a se banhar no rio nessa corrida, lhe dei uma dose muito maior do que o Estige poderia oferecer. Em certo momento pensei que você não suportaria e sua existência seria destruída, mas algo conseguiu aumentar sua determinação no último segundo.

Se você me deu uma dose a mais de poder, isso não significaria que retirou dos outros que entraram no Estige? — Percy pergunta querendo fugir de ter que explicar a um Deus Todo Poderoso, porque pensar na mulher que amava o deu forças para suportar algo como o Estige.

Não. Garanti que recebesse um dose maior, mas que não fosse retirado de nenhum outro. Havia crianças naquele rio, que lutarão ao seu lado para garantir um futuro melhor, também precisavam da benção do Estige. Leviatã explica e logo a presença de Sally dormindo pesadamente ao lado de seu berço, chama a atenção de Percy. Ela não saiu do seu lado, desde o momento em que voltou para cá.

Uma sensação de conforto e felicidade tomou conta de seu coração, cada segundo que passava ao lado de Sally desejava ainda mais criar um futuro perfeito para os dois. Cerca de alguns minutos se passam enquanto ele olha para a mãe e sua atenção é chamada após a porta do berçário ser aberta.

A propósito, todos notaram que você foi diferente no Estige, um guerreiro que será um problema no futuro foi criado, então existem aqueles que querem garantir seu fim. Boa sorte, Perseu.

O Leviatã some mais uma vez da mente de Percy, que logo nota uma silhueta obscura pairando sobre seu berço, não consegue ter total noção de quem é, mas o vê com uma pequena caixa de madeira em mãos, a abrindo logo em seguida.

Lá de dentro, quatro pequenas criaturas negras rastejam para foram, ambas com olhos brilhantes vermelhos, pinças longas e caudas contendo ferrões que poderiam atravessar aço. Seu algoz foge dali o mais rápido possível ao despejar as criaturas.Escorpiões das profundezas, algumas das criaturas mais mortais que se poderia encontrar em sua vida, podem saltar mais de 5 metros de distância e em uma única ferroada liberam um veneno que mata a vítima em 60 segundos.

Seu feito no Estige realmente irritou alguém com muita inveja de suas possibilidades no futuro, um sorrisinho divertido surgiu nos pequenos lábios de Percy que olhou as criaturas com certa diversão infantil.

No dia seguinte, o grito de Sally foi ouvido por todo o castelo, o que chamou a atenção dos guardas e até mesmo de Poseidon que foi em pessoa ver o que estava acontecendo com seus herdeiros.

Sally encontrou pela manhã na cama de seu filho, os corpos destruídos de 4 escorpiões das profundezas, com um deles ainda estando na pequena mãozinha de Percy que dormiu agarrado com o monstro ao apertar ele até a morte.

Rumores por todo o castelo e até mesmo pelo reino surgiram sobre quem poderia ter entrado nos limites da propriedade e tentado matar um dos filhos do governante, o que garantiu que a segurança fosse aumentada de imediato.

Mas, o que mais se espalhou foi o fato de que um bebê com poucas semanas de vida, matou 4 criaturas mortais como tal uma criança quebra seus brinquedos, algo como isso com certeza chamou a atenção não só do povo, mas também das outras 12 casas que estavam irritadas com a existência de Percy.

No momento ele se encontra agarrado a sua mãe, enquanto ela lhe acaricia e o mima um pouco mais após todo o acontecimento, sua atenção com o filho também foi dobrada. Não queria que nada acontecesse ao seu pequeno garotinho.

Acho que vou gostar dessa minha nova vida. — Ele pensa sorridente,

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LuizDebochado

Um fã de diversas obras em geral, animes, mangás, séries, livros. As minhas favoritas são Percy Jackson, One Piece e Mokushiroku no Yonkishi.

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