Histórias Não Contadas – Capítulo 9 – Sombras de Lealdade

"Algumas histórias nunca foram contadas, ao menos até hoje... O cotidiano quase sempre é mais interessante do que as grandes histórias que vão pros livros. Romance, drama, sorrisos e lágrimas escreveram mais histórias do que papel e tinta."
Esta é a parte 9 de 18 da série Histórias Não Contadas



Sasuke atravessou os portões de Konoha ao amanhecer, o peso da viagem ainda em seus ombros. O ar fresco da vila, carregado com o aroma de madeira e flores de cerejeira, trouxe uma sensação agridoce. Ele havia passado meses fora, seguindo pistas para limpar o nome de Itachi, seu irmão mais velho, que vivia escondido desde a guerra. A última conversa com Itachi, em uma caverna isolada nas montanhas, ainda ecoava em sua mente.

— Volte para Konoha, Sasuke — Itachi havia dito, os olhos cansados, mas firmes. — Sua filha precisa de você. Sua esposa precisa de você. Eu esperei anos pela minha redenção; posso esperar mais um pouco se for pra você estar presente para sua família.

Itachi, vivo e escondido enquanto a Aliança Shinobi trabalhava para limpar sua imagem, conhecia toda a história de Sasuke. Ele vira fotos de Sarada, a sobrinha que nunca conhecera pessoalmente, e seus olhos brilhavam de orgulho ao falar dela. Mas também repreendeu Sasuke, com aquele tom calmo e cortante que só ele dominava, por sua ausência como pai e marido. — Você tem uma família, Sasuke. Não repita meus erros. Não sacrifique tudo por uma causa.

As palavras de Itachi pesavam mais do que Sasuke queria admitir. Ele sabia que sua vida com Sakura era marcada por ausências. Nos últimos anos, ele desconfiava que ela tivesse um caso – os olhares distantes, as saídas noturnas que ela explicava como “turnos no hospital”. Mas nunca a confrontou. Parte dele se culpava; afinal, ele era um marido ausente, sempre em missões para redimir o nome dos Uchiha e também tinha Karin. Outra parte, talvez, não queria saber a verdade. Ele a amava – ou pelo menos achava que sim. Era um amor complexo, talvez mais enraizado na gratidão por ela nunca tê-lo abandonado, mesmo em seus piores momentos. Quando Sarada nasceu, a dúvida sobre a paternidade o corroeu. Ele fez um teste de DNA em segredo, confirmando que a menina carregava o sangue Uchiha. Isso o aliviou, mas não apagou as desconfianças sobre Sakura.

Sasuke foi direto para casa dos pais de Sakura, onde Sarada, agora com cinco anos, o esperava. A menina correu para os braços dele assim que ele abriu a porta, seus olhos escuros brilhando com uma mistura de alegria e saudade. — Papai! — ela gritou, abraçando-o com força.

— Oi, amendoinzinho — ele murmurou, ajoelhando-se para abraçá-la. O calor daquele abraço era um lembrete do que ele sacrificava em suas missões. Eles passaram parte da manhã juntos, Sarada contando histórias sobre a escola ninja e como ela estava se tornando forte. Sasuke sorria, mas como sempre, uma parte dele estava em outro lugar, dividido entre o presente e o peso do passado. Konoha fazia isso com ele nos últimos anos.

No início da tarde, ele foi ao hospital de Konoha, onde Sakura trabalhava. Ela estava no corredor, revisando prontuários, o cabelo rosa preso em um coque desleixado. Quando o viu, seus olhos se iluminaram, e ela correu para ele, jogando os braços ao redor de seu pescoço. O beijo que trocaram foi intenso, cheio de saudade e desejo acumulados. Sasuke a puxou pela cintura, sentindo o calor do corpo dela contra o seu, o perfume familiar de flores silvestres reacendendo memórias de noites passadas.

— Você voltou mesmo! Recebi seu recado mas achei que iria demorar mais — ela sussurrou, os lábios ainda próximos dos dele.

— Não podia ficar longe por mais tempo — ele respondeu, a voz baixa, os olhos escuros fixos nos dela. Mas antes que pudessem prolongar o momento, uma enfermeira chamou Sakura às pressas para uma cirurgia de emergência.

— Eu te encontro em casa — Sasuke disse, apertando a mão dela. — Quero matar essa saudade direito.

Sakura sorriu, um brilho ansioso nos olhos, e correu para o centro cirúrgico. Sasuke a observou partir, o coração apertado. Ele a amava, mas as sombras de suas desconfianças – e de suas próprias traições – sempre pairavam sobre ele.


Do hospital, Sasuke foi ao Palácio do Hokage, carregando o pergaminho que Itachi havia confiado a ele. No corredor, cruzou com Ino, que parou ao vê-lo, um sorriso iluminando seu rosto.

— Sasuke! Você voltou! — ela exclamou, o tom caloroso, mas com um toque de algo mais. Seus olhos percorreram o corpo dele, e por um instante, a tensão entre eles foi quase palpável.

Anos antes, durante os preparativos para o casamento, quando Sakura estava consumida pelo trabalho no hospital, Sasuke e Ino tiveram um caso breve, mas intenso. A memória daqueles encontros – furtivos, cheios de urgência e culpa – ainda pairava entre eles. Sasuke desviou o olhar quando um shinobi passou pelo corredor, disfarçando o calor que subia por sua nuca.

— Preciso ver o Kakashi — ele disse, a voz firme, mudando de assunto. — Mas depois te procuro. Podemos conversar.

Ino sorriu, um brilho travesso nos olhos. — Claro, Sasuke. Me avisa quando estiver livre. — Ela se afastou, o quadril balançando sensualmente enquanto caminhava, deixando-o com uma mistura de culpa e desejo.

No escritório de Kakashi, Sasuke entregou o pergaminho e relatou a missão. — Itachi está bem, mas acho que a Aliança precisa acelerar o processo de redenção. Ele quer voltar para Konoha.

Kakashi assentiu. — Estamos trabalhando nisso, Sasuke. A Aliança está fazendo os trâmites políticos, mas não é simples. Danzo e o Terceiro Hokage deixaram um legado complicado pra trás.

Sasuke franziu a testa, a frustração escapando em suas palavras. — Parece que a Aliança não se importa de verdade. Itachi sacrificou tudo por Konoha, e agora o deixam apodrecendo no exílio.

— Sasuke — Kakashi retrucou, a voz calma, mas firme. — Estou fazendo o que posso. Ele vai voltar, mas precisa ser no momento certo. E você sabe que ele não é o único nessa condição. Vamos resolver tudo isso, mas precisamos agir com calma.

Sasuke respirou fundo, contendo a raiva. Antes que pudesse responder, seu celular tocou. O nome de Karin piscou na tela, e ele desligou rapidamente, o rosto impassível. — Preciso resolver algumas coisas — disse, levantando-se. — Qualquer novidade sobre Itachi, me avise.

Kakashi o observou em silêncio, os olhos estreitos, mas não disse nada. Sasuke saiu, o peso de suas escolhas o acompanhando como uma sombra.

Sasuke passou o resto do dia nas bibliotecas de Konoha estudando e buscando histórias ou brechas na lei que pudessem ajudar seu irmão. Quando recebeu a mensagem de Sakura dizendo que já estava com Sarada e estavam indo pra casa, Sasuke se ateve a marcar onde parou as pesquisas e partiu em direção à sua família.


Epílogo

Naquele início de noite, enquanto se preparava para encontrar Sakura em casa, Sasuke recebeu uma mensagem de Karin. O texto era carregado de emoção: “Te vi passando pela vila hoje. Fiquei tão feliz que você voltou, Sasuke. Vem jantar comigo na Cidade Delta? Só nós dois, como antes.”

Ele hesitou, os dedos pairando sobre a tela. Karin era sua amante secreta há anos, um escape para a solidão de suas missões e dúvidas sobre a fidelidade de Sakura. Mas as palavras de Itachi ecoavam em sua mente: “Priorize sua família.” Ele digitou uma resposta curta: “Tenho algo marcado com Sarada. Te aviso quando der.”

Sasuke guardou o celular, o coração dividido. Ele sabia que precisava seguir o conselho de Itachi, encerrar o caso com Karin e focar em Sakura e Sarada. Mas ele não podia ignorar as sombras de suas próprias escolhas – e as de Sakura – que ainda pairavam sobre eles.

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Mestre_Andur

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