Histórias Não Contadas – Capítulo 4 – Olhos Vermelhos

"Algumas histórias nunca foram contadas, ao menos até hoje... O cotidiano quase sempre é mais interessante do que as grandes histórias que vão pros livros. Romance, drama, sorrisos e lágrimas escreveram mais histórias do que papel e tinta."
Esta é a parte 4 de 18 da série Histórias Não Contadas



Capítulo 4 – Olhos Vermelhos

Em algum lugar próximo à fronteira entre o País do Fogo e o País da Cachoeira, a floresta sussurrava sob o peso da noite. O ar estava úmido, carregado com o cheiro de terra molhada e folhas em decomposição. Sasuke Uchiha, escondido entre as sombras de uma árvore antiga, observava um acampamento distante, onde cinco vultos se moviam ao redor de uma fogueira. Seu Sharingan brilhava sob a capa negra, captando cada detalhe com precisão mortal.

— Os homens estão reunidos no acampamento, Senhor Sasuke — sibilou uma serpente negra, emergindo de um monte de folhas secas ao lado dele, os olhos amarelos reluzindo na escuridão.

— Ótimo. Você fez um bom trabalho — respondeu Sasuke, a voz fria, mas com um toque de satisfação.

A serpente inclinou a cabeça em um gesto de deferência antes de se dissolver no ar com um leve poof. Sasuke estava na cola desse grupo de nukenins há semanas. Eram jounins habilidosos, ex-caçadores de Danzou Shimura, treinados para burlar até mesmo o Sharingan. Por duas vezes, ele quase os encurralara, mas sua astúcia os mantinha um passo à frente. Após a Quarta Guerra Shinobi, que expôs segredos, alianças e traições, Sasuke mudara. O jovem vingativo e recluso dera lugar a um homem com um propósito maior. A verdade sobre o massacre dos Uchiha, a Akatsuki e as conspirações políticas do mundo ninja o forçara a enxergar além de sua raiva. Tudo começara naquele encontro fatídico com Itachi, oito anos atrás…


Flashback

O céu estava cinzento, o ar pesado com a promessa de uma tempestade. Em uma caverna isolada, Itachi Uchiha estava sentado em um trono de pedra, a capa negra da Akatsuki com nuvens vermelhas contrastando com seu Sharingan, que brilhava com uma serenidade inquietante. Em uma mão, ele segurava uma taça, o líquido vermelho refletindo a luz fraca. O outro braço descansava na abertura da capa, exalando uma calma que irritava Sasuke.

— Enfim você chegou. Achei que não viria para conversarmos, irmão — disse Itachi, a voz suave, quase melancólica.

Sasuke, com a espada desembainhada e os olhos ardendo de fúria, respondeu com um rosnado. — Você se esconde bem, mas não o suficiente.

— Quer mesmo fazer isso? Acha que esse é seu destino, o nosso destino? — perguntou Itachi, sem se mover, os olhos fixos no irmão.

— Eu jurei que me vingaria por tudo que você fez, Itachi! — gritou Sasuke, a voz carregada de anos de dor. — Não vou mais cair nos seus truques e histórias! Você é o culpado por tudo, e eu não vou descansar até sentir a vida saindo de você!

Num movimento rápido, a luta começou. Espada e Kunai colidiam, selos eram formados em frações de segundo, e o ar crepitava com a energia de jutsus. Ambos eram mestres em suas artes, e era impossível determinar quem levava a vantagem. Em um instante, Sasuke avançou, empalando Itachi com sua espada, o metal atravessando o peito do irmão e fixando-o ao chão. O sangue escorria, os Sharingans de ambos conectados em um momento de tensão absoluta.

Sasuke se aproximou, o rosto a centímetros do de Itachi, e sussurrou: — Acabou… Eu venci.

— Ainda não — respondeu Itachi, a voz calma, quase um sussurro. — Ele ainda está observando. Precisamos ser mais convincentes…

Sasuke arregalou os olhos, confuso. De repente, o corpo de Itachi se dissolveu em uma nuvem de corvos, que voaram em espiral e se reformaram no trono, como se nada tivesse acontecido. Um genjutsu. Mesmo depois de tudo, Itachi o enganara novamente.

Furioso, Sasuke observava o irmão, sereno como sempre, quando viu os lábios dele formarem as palavras: “Atrás de mim…”

Um movimento nas sombras atrás do trono chamou sua atenção. Sasuke agiu por instinto, os selos tão rápidos que mal podiam ser vistos. Um trovão ecoou no céu, e a aura elétrica ao redor dele era quase palpável. Com um gesto do braço, um raio estilhaçou o teto da caverna, a explosão engolindo tudo em luz e destruição.


Sasuke foi arrancado de suas memórias pela vibração do celular preso à sua perna. Ele odiava usá-lo, especialmente em missões, mas era uma exigência do Hokage — e de Sakura. Ao olhar a tela, um sorriso raro suavizou seus traços. A foto de Sarada brincando com uma bandana da Folha, posando como ninja, aqueceu seu peito. A mensagem de Sakura dizia:

“Presente dos meus pais, ela pediu pra te mandar e dizer que já é uma ninja igual o papai rs. Por onde você anda? Já sabe quando volta? Sarada quer dormir nos meus pais hoje.”

Ele não respondeu pelo celular. Não confiava na segurança do dispositivo. Em vez disso, pegou um pergaminho e escreveu com caligrafia precisa:

“Quase voltando. Já os encontrei. Me desculpe a demora. Amo vocês duas.”

Com um selo rápido, ele tocou o chão, e uma pequena cobra emergiu de um buraco na terra. — Entregue pra Sakura. Cuidado pra não assustá-la — ordenou, passando o pergaminho à serpente, que o engoliu e desapareceu na relva.

Seu olhar caiu sobre a pulseira em seu pulso, um presente de Sarada no último Dia dos Pais. Três letras “S” entrelaçadas com corações coloridos. “Nossos nomes são com essa letra, papai. E coração é porque a gente se ama”, ela dissera, o rostinho iluminado de orgulho. Sasuke sorriu, o coração apertado, mas sacudiu a cabeça, afastando a distração. A noite caía, e com ela, uma chuva fria começava a pingar. Era o momento perfeito.

— É agora — murmurou, os olhos brilhando enquanto avançava contra o acampamento.


Mais tarde, em Konoha, a chuva continuava a tamborilar contra as janelas do apartamento de Kakashi. Sakura acordou por volta das 3h da manhã, ainda aninhada no colo dele, no sofá. O calor do corpo de Kakashi a envolvia, o peito dele subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Mesmo dormindo, ele era lindo — a máscara abaixada, a cicatriz sobre o olho destacando-se na penumbra, os cabelos grisalhos bagunçados caindo sobre a testa. Ela sorriu, incapaz de resistir, e depositou um beijo suave em seu peito, o cheiro de pinho e sexo ainda impregnado na pele dele.

Kakashi não acordou, e Sakura riu baixo, levantando-se com a sutileza de uma ninja. A lingerie preta de renda, agora amassada, ainda abraçava seu corpo, o tecido colando à pele úmida de suor. Ela procurou suas roupas, espalhadas pelo chão, e começou a se vestir, os movimentos silenciosos enquanto a chuva lá fora criava um fundo melancólico. Pegou o celular, verificando as mensagens. Nada de Sasuke. A decepção, já familiar, apertou seu peito, misturada à culpa que sempre vinha após momentos com Kakashi. Ele nunca respondia quando estava em missões, mas a ausência ainda doía.

Confirmando que não havia mensagens de sua mãe sobre Sarada, ela guardou o celular e caminhou até o sofá, inclinando-se por trás para beijar a testa de Kakashi. O gesto o fez abrir os olhos, o olhar sonolento, mas quente, encontrando o dela.

— Você precisa mesmo ir? — perguntou ele, a voz rouca de sono, enquanto estendia a mão para alisar o braço dela. — Dorme aqui. Tá tarde.

— Não posso — respondeu Sakura, rindo suavemente. — Sarada tá com meus pais, e amanhã tenho plantão cedo.

— Exatamente. Sua filha tá segura, e você precisa descansar — insistiu ele, os dedos traçando círculos suaves em sua pele, o toque reacendendo o calor que ela tentava ignorar.

— Não — retrucou ela, rindo, mas com um tom firme. — Sei bem onde isso vai parar, e sei que não vou descansar. Você pode dormir na sua mesa, mas, se eu dormir no trabalho, mato alguém.

Sakura caminhou até a porta, ainda rindo, o som leve contrastando com a chuva pesada lá fora. Quando colocou a mão na maçaneta, Kakashi surgiu atrás dela, rápido como um relâmpago, segurando sua mão. Seus olhos se encontraram, e o ar pareceu ficar mais denso. Ele estava nu, o corpo ainda quente do sono, os músculos definidos sob a luz suave do apartamento. A proximidade fez o coração de Sakura errar uma batida, a respiração travando na garganta.

— Não pode mesmo ficar? — perguntou ele, inclinando-se até que seus rostos estivessem a centímetros de distância, o hálito quente roçando os lábios dela.

Sakura mordeu o lábio, fechando os olhos por um instante, respirando fundo para se recompor. O perfume de Kakashi — pinho, suor, desejo — a envolvia, e por um momento, ela quis ceder, deixar-se levar novamente. Mas a imagem de Sarada, e a ausência de Sasuke, pesaram em seu peito.

— Desculpe… mesmo… — murmurou ela, a voz trêmula. — Eu…

— Tudo bem — interrompeu Kakashi, a voz suave, mas carregada de uma compreensão que doía. — Não vou estragar nossa noite por causa disso. Foi tudo maravilhoso. — Ele se inclinou, beijando-a suavemente, um beijo que era ao mesmo tempo terno e cheio de saudade.

— Obrigada — disse Sakura, os olhos brilhando com uma mistura de culpa e carinho. — Sabe que eu ficaria se pudesse.

— Sei — respondeu ele, o olhar fixo nela, sem esconder a emoção. — Mas você precisa ir pra sua família e sua vida. Eu entendo e respeito isso.

Ela mordeu o lábio novamente, abriu a porta e saiu, o coração apertado. — Boa noite, Kakashi-sensei.

— Boa noite, Sakura…

Ela desceu as escadas quase correndo, o som dos próprios passos abafado pela chuva. Kakashi ficou na porta, o corpo nu silhuetado contra a luz do apartamento, olhando o corredor vazio por onde ela desaparecera. — Eu te amo, Sakura… — sussurrou, a voz tão baixa que se perdeu no tamborilar da chuva.

Continua…

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Mestre_Andur

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