Por Sakura
Já passava das 3 da manhã e eu não consigo pegar no sono. Na verdade, desde a chegada de Sasuke-kun não consigo saber mais quem eu sou, o que eu faço, não tenho controle das minhas ações, não consigo tomar decisões, penso em mil coisas ao mesmo tempo. Tudo parece estar vagando em minha mente, peças soltas que não consigo encaixar. O que eu devo fazer? Por que isso está acontecendo? Desde quando eu fiquei assim?
A luz que transpassa a janela me mostra que já amanheceu. Preciso renovar minhas forças e me preparar para um novo dia de trabalho. Já levei sermão de Tsunade por ter faltado ontem e hoje pelo que me recordo a loira disse que não estará presente pois precisará comparecer à divisão de inteligência. Então o hospital precisa de mim, e eu preciso dele e dele.
A discussão que tive com Tsuki não foi das melhores, mas talvez a maior culpa tenha sido minha mesmo, comecei a beber e realmente ele não gosta quando eu fico bêbada, ele tem medo que algo de ruim aconteça caso ele não esteja por perto.
Tomo um banho e sinto meu corpo relaxar, visto minha roupa de costume e vou até a cozinha preparar algumas torradas e um chá com mel. Após me alimentar me sinto uma pessoa renovada e pronta pra outra. Antes de chegar ao hospital decido comparecer ao escritório do Hokage, preciso contar a ele tudo que aconteceu durante todo o procedimento cirúrgico feito em Sasuke, Ino deve ter falado alguma coisa mas o tempo que ela se ausentou aconteceu tanta coisa, isso ela não sabe.
Assim que chego ao escritório bato à porta e logo escuto uma voz vindo de dentro da sala.
— Pode entrar.
— Bom dia, Kakashi-sensei. — Digo, Hokage.
— Prefiro o sensei – Kakashi respondeu. — Ainda bem que veio Sakura precisava mesmo falar com você —, mas você está bem?
— Porque diz isso?
— Seu rosto está inchado, não conseguiu dormir direito?
— Talvez… — Ontem acabei discutindo com Kurayami.
— Nossa.
— Mas tudo bem, a maior parte da culpa foi minha. — Eu bebi e ele não gosta, só isso.
— Entendo.
— Mas eu vim para falar sobre outra coisa.
— É sobre o Sasuke?
— Sim, sensei.
— Pois bem pode começar.
— Eu fiquei ao lado dele o tempo todo, ao contrário da Ino. — A cirurgia estava correndo até bem, mas eu tive uma certa insegurança do que fazia em certos momentos.
— Insegurança, como assim?
— A cirurgia de Sasuke foi de risco, não sei se ficará mais sequelas. — Atualmente ele está em estado de coma e a cada exame que é feito algo novo aparece. — E ainda teve aquele caso com o gerador.
— Isso eu fiquei sabendo pela Ino. — Algum paciente veio a óbito durante esse período que o gerador parou de funcionar?
— Durante o incêndio não houve mortes mas depois sim.
— Compreendo. — E Sasuke?
— Na hora eu pensei que iria perdê-lo, nem sequer imaginei a possibilidade disso ocorrer.
— Eu tenho um palpite e creio que alguém esteja atrás do Sasuke, afinal ele é o último Uchiha e mesmo sendo discreto em suas missões, não passa despercebido nas grandes nações.
— Quem fez isso, é totalmente desumano.
— Certamente, mas pode deixar que irei redobrar a segurança nos portões de Konoha, e quero que faça o mesmo no hospital.
— Pode deixar Kakashi que com certeza farei. — Vou cuidar da segurança de Sasuke. — Não vou deixá-lo morrer.
As lágrimas já começavam a querer fugir do meu rosto.
— Calma, vai ficar tudo bem. – Vi Kakashi se aproximar. — Você é uma ótima médica ninja, lembre-se disso.
— Obrigada Kakashi.
— Ainda pretende ir trabalhar hoje?
— Eu preciso, meus pacientes sentem a minha falta.
— Espero que fique bem.
— Obrigada, e qualquer coisa que precisar, não exite em me chamar.
— Por enquanto é isso. Qualquer nova informação a respeito do estado dele me avise.
— Pode deixar.
Me despedi de Kakashi e fui em direção ao hospital, encontrando Ino na cafeteria.
— Bom dia, loira.
— Bom dia testa.
— Não irá trabalhar hoje, não é mesmo?
— Eu já ia te ligar, hoje vou passar o dia na divisão sensorial. — O hospital está por sua conta hoje.
— Então é melhor eu ir. Já que Tsunade também não estará lá.
— Pretende ir com esse rosto?
— Tem algo de errado com ele?
— Está todo inchado, andou chorando não é mesmo?
— Talvez… — Acabei discutindo com Tsuki quando chegamos em casa.
— Eu sabia que isso não ia dar certo.
— Mas tudo bem, no final a culpa foi toda minha por beber demais.
— Ainda acho que a culpa foi dele. — Você não fez nada demais. — Lave esse rosto e passe um corretivo, senão os pacientes irão fugir de você.
— Pode deixar que farei. — Tá bom, mas vamos parar de falar nisso. Quero um café forte porque hoje o dia vai ser cheio.
Tomamos café juntas e Ino foi me contando sobre a descoberta que a equipe de Sai fez no hospital. Disse que as investigações estão bem difíceis porque o único rastro que o inimigo deixou foi um camaleão de cerâmica, isso é um tanto inusitado, quer dizer que o inimigo tem a capacidade de se camuflar em meio aos outros e sua forma de trabalhar é tão precisa que não percebemos quem é de imediato.
A loira dizia que estavam tentando alguma estratégia para capturá-lo, porém o camaleão não dava nenhuma pista precisa. O que é um problema, outra hipótese seria caso acontecer um novo ataque, o inimigo não é qualquer pessoa. Ele está sempre dois passos à nossa frente, a Yamanaka dizia que iria falar com Shikamaru depois para uma estratégia antes de um possível novo ataque, ainda mais porque acreditam que o alvo é Sasuke.
Após o café me despeço de Ino e sigo para o hospital enquanto ela toma outro rumo. Após minha chegada uma enfermeira já vem em minha direção com os prontuários em mãos.
— Bom dia Dra. Haruno aqui estão os prontuários atualizados dos seus pacientes. — E estes aqui são dos pacientes que estão na UTI. – Um enfermeiro diz me entregando.
– Muito Obrigada. – Pego analisando uma a uma.
Alguns pacientes não estavam apresentando melhoras e isso me deixou em alerta. Mas havia um paciente que me preocupava ainda mais.
– Este paciente aqui deu algum sinal de resposta nas últimas 24h?
— Infelizmente não, Dra. Haruno.
– Tudo bem, obrigada pelas informações.
– Com sua licença. – O enfermeiro diz, se retirando do consultório.
A rotina do hospital estava maluca, toda hora apareciam pacientes que se envolveram em algum tipo de acidente, por várias vezes durante o dia queria vê-lo, mas sempre que pensava em seguir até lá era interrompida por algum enfermeiro. Depois de passar o dia totalmente atarefada, realizei 4 pequenas cirurgias durante todo o dia, estava cansada mas ainda queria vê-lo. Saí do meu consultório com passos apressados seguindo até os quartos da UTI, chegando lá o vi deitado, imóvel e inconsciente, isso me corroía por dentro. Me atrevo a entrar para ver se está tudo bem com ele, verifiquei sua pressão arterial e batimentos cardíacos conferindo que está tudo sob controle.
Me aproximei de sua cama e apoiei minha mão sobre a sua, estavam um pouco mais frias, mas nada que oferecesse risco à vida dele. Peguei o prontuário que possuía informações sobre ele e não haviam alterado seu nome, diante das novas informações de que tem alguém atrás de Sasuke, resolvi alterar o seu nome, a partir de agora se chamaria Matsui, realmente eu estava preocupada com ele por mais que não estejamos juntos.
Dizem que quando estamos em estado de coma, quando alguém começa a conversar conosco podemos ouvir. Eu não acredito muito nessa teoria, mas por algum motivo vou tentar com você. Cheguei próximo ao seu ouvido e comecei a conversar com ele.
— Eu estou aqui Sasuke-kun, mas talvez não ficarei muito tempo, tem tantas coisas que queria te falar agora. — Sabe eu tomei uma decisão que acredito que você não aprove, mas agora não sei o que fazer. — Meus sentimentos estão confusos, queria antes de partir ouvir de você porque nunca respondeu minhas cartas, mas exigir isso de você agora é realmente absurdo.
Apertei um pouco mais as suas mãos entrelaçando nossos dedos. Fechei meus olhos e a outra mão coloquei sobre seu peito. Pude sentir sua frequência cardíaca e isso me deixou mais calma, apesar de estar cansada, por um momento estava feliz em saber que ele estava bem.Me levantei e logo em seguida dois enfermeiros que trabalhavam comigo adentraram o quarto.
— Boa noite Dra. Haruno, desculpe interromper, não sabíamos que estava aqui.
— Tudo bem. — O que vieram fazer aqui?
— Precisamos dar um banho de leito no paciente, mas meu colega aqui é estagiário e está com receio de fazer isso.
Apesar de ser um procedimento comum dar banho a uma pessoa acamada, era um pouco mais difícil, quando há limites igual a condição atual de Sasuke, e por mais que eu já esteja acostumada com isso, por algum motivo senti um leve ciúmes. Por mais que fossem homens, afinal Sasuke é bem forte fisicamente, as enfermeiras não conseguiriam fazer isso facilmente e sinceramente eu não deixaria.
— Eu já estava pensando em fazer isso, ainda bem que apareceram. — Podem me ajudar.
— Receber a sua ajuda Dra. Haruno? — Mas você é médica não precisa fazer isso.
— Eu fiz isso algumas vezes, sei que posso ajudar, eu sou uma pessoa forte. — E seria ótimo mostrar ao estagiário para que aprenda.
Quando citei o estagiário vi que ficou envergonhado.
— Tudo bem então, já que insiste.
Os enfermeiros já haviam trazido tudo para que pudesse ser feita a higienização de Sasuke, fechei a porta e as janelas com a cortina para que não houvesse interrupções. Enluvei as mão e peguei um pouco de sabão para limpar a região do rosto e pescoço. Sua pele alva ainda estava um pouco ressecada devido ao tempo que está acamado. Com todo zelo fui acariciando sua face, seu cabelo estava um pouco longo e sua franja já cobria grande parte do seu rosto. Com auxílio dos enfermeiros, retirei a roupa que cobria a parte de cima do seu corpo para fazer a limpeza nos ombros, braços, tórax, axilas e abdômen. Finalizei essa parte passando uma esponja macia para que não irritasse a pele.
O estagiário observava tudo com muita atenção, em seguida pedi a ajuda deles para que pudessem posicioná-lo da maneira correta para fazer a higienização nas costas do Sasuke, quando passei a mão na em sua coluna tive um pressentimento ruim, algo não estava certo, estava um pouco exausta que não tinha certeza, depois precisaria lembrar de fazer exames para confirmar minhas incertezas, às cicatrizes das batalhas ainda se faziam presentes nas suas costas. Em seguida fui para a parte inferior e fiz o mesmo procedimento, quando segui para as partes íntimas o estagiário começou a passar mal. Era tudo novo para ele então ainda estava se adaptando.
— Me desculpe por isso doutora eu não imaginava que ele…
— Não tem problema, a parte mais difícil já foi feita —, pode ir com ele, mas antes me ajude a posicionar o paciente para que eu possa higienizar suas partes íntimas.
— Ok, doutora.
O enfermeiro me ajudou e logo se retirou deixando eu e Sasuke a sós novamente. Fiz a limpeza de suas partes íntimas e de certa forma me impressionou o tamanho do seu…
Onde está o profissionalismo Sakura?
Não demorei muito naquela região, finalizando logo em seguida. Com cuidado retirei o forro impermeável que protege a cama deixando apenas os lençóis, e em seguida fui secando o seu corpo e passei um hidratante para que a mesma não ficasse mais ressecada, logo em seguida coloquei vestes novas nele, agora ele estava limpo e cheiroso novamente.
— Se sente melhor agora, Sasuke-kun?
Perguntei mesmo sabendo que ele não responderia, o banho fez bem a ele, tive a impressão que sua pele havia ganhado um pouco mais de cor. Assim que terminei todo o procedimento, descartei as luvas e voltei a observá- lo. Aproximei a poltrona que havia no quarto ficando ao seu lado, seu estado era vegetativo mas ele não estava sofrendo, pelo menos não por causa das dores provocadas pelo acidente.
— Sasuke-kun você está aqui e está a salvo —, mesmo estando assim eu prometo que irei fazer de tudo para te trazer de volta —, desde a sua chegada tem acontecido coisas estranhas, conversei com Kakashi e ele suspeita que alguém quer ver o seu fim —, eu prometo que farei de tudo para que fique protegido.
Verifiquei se seus aparelhos estavam funcionando corretamente e as medicações, estas durariam até o outro dia de manhã. Me acomodei na poltrona e peguei em sua mão e senti o cansaço me atingir depois de um árduo dia de trabalho, não demorou muito e acabei dormindo ali mesmo.
— Sakura… — Sakura…
Ouço alguém chamando a minha voz mas não dou atenção, e sinto um toque leve em meu ombro logo em seguida. Ainda meio sonolenta pelo despertar recente abro os olhos com dificuldade, solto um leve bocejo e quando olho para a direção de onde a voz vinha me deparo com Tuski a minha frente. Num impulso me levanto com o susto.
— O-o que? — Onde estou?
— Amor, eu quem devia perguntar o que faz aqui. — Porque está dormindo com esse paciente? — Como é o nome dele?
Tsuki olhava Sasuke e logo observou o nome em seu prontuário, escrito Matsui. Senti o coração errar uma batida por um segundo, mas logo me acalmei com a resposta do Tsuki.
— Ah! Tô vendo aqui é Matsui. — Esse não é aquele paciente que vc passou 30h operando?
— Sim.
— Espero que ele se recupere logo.
— Eu também, mas… você me chamou de amor?
— Me desculpe, força do hábito.
— O que faz aqui?
— Depois de nossa briga ontem eu não consegui ir embora, estava preocupado com você.
— Não pareceu isso ontem.
Tsuki se aproximou mais perto de mim prostrando-se de joelhos, segurou minhas mãos, e olhava profundamente para mim mas eu não conseguia fazer o mesmo, mirava para qualquer canto mas não era capaz de olhá-lo.
— Me perdoe, por favor!!
Minha atenção agora estava totalmente voltada para ele, após esse pedido de desculpas inesperado.
— Sakura, eu fui um completo idiota, quando te tratei daquela forma, desculpe por agir daquele jeito.
— O que você está querendo com tudo isso?
— Eu quero uma nova chance.
— Me deixe pensar mais um pouco, ok.
— Você sabe que eu te darei o tempo que quiser. — Eu só queria dizer que estarei te esperando.
Quando eu ia responder a respeito, Shizune atravessou a porta do quarto.
— Oh, me desculpe por interromper!
— Não, eu já estava de saída. – Tsuki se levantou indo em direção a porta, retirando-se logo em seguida.
Assim que ele se distanciou Shizune voltou para mim.
— Está tudo bem Sakura?
— Está, eu acho…
— Não a vi na troca de expediente, não sabia que havia chegado mais cedo.
— Na verdade… Eu dormi aqui.
— Aqui? — Nesse quarto junto com o… —, oh Kami! Estava acompanhando Tsunade nas viagens dela, não sabia que ele estava aqui.
— Pois é, agora ele está em estado de coma induzido, e não sei quando irá acordar.
— Não se preocupe, eu sei que ele irá acordar. — Mas olhe só para você com o mesmo jaleco de ontem.
— Eu estava tão cansada ontem que vim aqui e acabei auxiliando uns enfermeiros no banho dele, acabei dormindo sem querer logo após.
— Compreendo, bom eu sei que não vai gostar mas pode tirar o dia de folga. — Prometo cuidar dele para você.
— Obrigada.
Recebi um abraço reconfortante em Shizune e em seguida ela se retirou do quarto para buscar os remédios de Sasuke, aproveitei a chance e me aproximei de seu corpo, queria gravá-lo por completo para conseguir passar esse dia melhor. Me aproximei do seu ouvido e disse algumas palavras que ele com certeza ficaria feliz ao ouvir se estivesse consciente. Assim que Shizune voltou me despedi dela saindo em direção ao meu apartamento, não queria ir, mas decidi aceitar só por hoje a proposta.
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